quarta-feira, 5 de junho de 2024
Con ti Niente
quinta-feira, 28 de março de 2024
This claimer
Fiquei um tempo afastado
Mas é que é difícil ser muitos
É até mesmo difícil ser um único sequer
E é muito mais difícil ser um único, se quer
segunda-feira, 6 de junho de 2022
Gênios desperdiçados
Quantas pessoas trabalham no desenvolvimento de um lançador de foguetes Javelin? Quantas pessoas trabalham em sua construção? Pense em tudo... na obtenção da matéria prima, na burocracia da cadeia produtiva, nos trabalhos de engenharia envolvidos, na logística de distribuição... Todo esse esforço para, por fim, matar quatro ou cinco jovens russos que não compreendiam o que estavam fazendo dentro de um tanque perdido sobre a Ucrânia. E esse tanque? Quanto esforço de desenvolvimento por trás?
Tento me distrair de tudo isso e abro o instagram, droga moderna que age diretamente nos centros de prazer no cérebro sem perturbar outros órgãos tal qual a cocaína ou o crack. Uma jovem toca músicas medievais em instrumentos típicos e canta também. Algo lindo. Mas... é ela mesma quem toca a flauta. O Bandolin. A percursão. Faz a montagem de todos os vídeos. O trabalho está excelente mas algo me incomoda...
Nossa vida social está fragmentada ao máximo e nossos esforços são mais coordenados nessas instituições cujo objetivo é destruir e matar.
O que essas pessoas todas poderiam estar fazendo caso o mundo compreendesse o valor inestimável da cooperação?
quinta-feira, 2 de junho de 2022
O que torna os humanos únicos
segunda-feira, 22 de novembro de 2021
A parte e o todo
Quando a pessoa está triste, será que o neurônio da tristeza fica feliz?
Quando eu sonho com uma boa pizza, meus neurônios sabem o que se passa?
Quando um glóbulo branco persegue uma bactéria, suas moléculas sabem que estão vivendo uma aventura dramática?
Passando do nosso próprio nível organizacional e perceptível para baixo é fácil desmerecer essas questões como certas curiosidades bobas.
Mas o que dizer quando passamos para um nível acima?
Se nossa rede de comunicações estiver desenvolvendo algum tipo de inteligência ou mesmo consciência própria, nós de algum modo saberemos? Seria possível de algum modo investigar se isso está acontecendo, mesmo que a experiência e o conteúdo exato desse nível superior nos escape?
Essa possibilidade, para além de uma curiosidade teórica, é também um tanto quanto alentadora. Penso que a consciência do mundo interconectado está apenas começando a acordar. E, como um bebê recém nascido, ainda está formando muitas de suas conexões e está, inevitavelmente, cometendo muitos equívocos e erros durante o processo caótico de tentar aprender a interagir com o mundo.
Se este super cérebro vai algum dia adquirir alguma maturidade, ou se será para sempre um imbecil desfuncional, isso só o futuro dirá.
terça-feira, 16 de novembro de 2021
Urgências
Não vou arrumar o mundo hoje.
Já me orgulho de ter arrumado a cama.
De ter preparado marmitas para uns três dias - sem carne.
Não vou arrumar o mundo hoje.
E o mundo vai continuar caindo aos pedaços.
Ódio, dúvida e equívoco se espalham. Chama em palha seca. Quem deixou a palha secar?
Se alguns caem em erros óbvios hoje, outros erros são comuns a todos e não os enxergamos também a gente: a ideia de linearidade do avanço do mundo sempre foi uma ilusão sem fundamento. O mundo oscila em diversos processos vivos e complexos. As ideias avançam e se retraem feito ondas. Marés. Estamos vivendo uma inundação e não adianta ficar jogando água pra fora com baldinho. Está tudo inundado.
Mas é preciso continuar respirando.
E, se não dá para arrumar o mundo hoje, ainda há sentido em ajudar a pessoa ao lado.
É natural se sentir paralisado enquanto todos caminham para a inundação voluntaria e cegamente. Mas o futuro não depende de todos sobreviverem hoje. Basta alguns.
Tal qual na história da evolução biológica, também na história das ideias muitas vezes o que conectará o futuro e o passado será um estreito fio de renegados sobreviventes de um período sombrio.
Não é hoje que vou arrumar o mundo.
Mas vou sobreviver. E vou ajudar alguém mais a sobreviver. E, hoje, é essa a tarefa mais urgente para viabilizar o futuro.
terça-feira, 20 de abril de 2021
Desespero
domingo, 2 de agosto de 2020
Das motivações positivas e negativas
sábado, 1 de agosto de 2020
sexta-feira, 31 de julho de 2020
O que eu não falo
E eu amo, mas amo e não falo.
E amo um amor que não quero amar, que transformo mais em uma derrota do que em uma superação, em um mérito.
Preciso meditar, encontrar uma paz na minha vida que não sei onde está.
Como é que eu olho nos olhos e falo: ei, aprecio seu amor. Me comove. Me desmonta. Amo a beleza disso tudo. Mas agora não consigo... ?
Como se faz dessas violências?
Não sei das violências.
Não sei ser nenhum dos personagens que gostaria, e é essa minha grande tragédia.
Sou um qualquer outro que não sei de onde vem.
É no improviso, e como todo improviso, nem sempre funciona.
Mas há em mim também uma ditadura feroz, atroz... pesada e sangrenta, que impede a verdade de tudo.
Quando acontecerá a revolução?
Não sei. Quem sabe?
Agora não. Agora eu não consigo...
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Ontem
quarta-feira, 29 de julho de 2020
No trabalho
terça-feira, 28 de julho de 2020
Cego
Ouço, mas não quero ouvir.
O mundo grita absurdos.
Dentro de mim tenho as certezas que acalmam.
As prefiro.
As digiro.
As visto.
Meu irmão se encheu de estudos.
Diz besteiras. Fala vinte páginas.
O mundo é mais simples.
O meu mundo.
E o mundo dos meus amigos.
Os que acreditam em mim.
Os que atiram comigo.
Os que riem dos outros comigo.
Vejo, mas não quero ver.
ouço, mas não quero ouvir.
Aprendi a pensar com a própria cabeça.
Não para analisar explicações.
Mas para inventá-las.
segunda-feira, 27 de julho de 2020
Das fugas
Fugi para outras mesas.
Fugi para outros abraços.
Fugi para outros boa noites.
Fugi para bilhetes na porta da geladeira.
Fugi para outras cidades.
Fugi para outros trabalhos.
Fugi para o céu.
Fugi pelas estradas.
Fugi para o outro lado do mundo.
Fugi para outras músicas.
Fugi para outros livros.
Fugi para outras roupas.
Fugi para outros amigos.
Fugi para outras famílias.
Fugi para outros continentes.
Fugi para outros idiomas.
E riem na bagagem todos meus infernos.
Demônios tatuados fundo na minha solidão.
domingo, 26 de julho de 2020
Indício
Os que sofrem.
São um recurso infinito para aqueles que precisam de uma promoção fácil.
O político que aperta a mão do favelado.
E depois manda tratores para derrubarem a favela.
O que importa é o quanto circulará cada foto.
O que importa é que o político não estará presente no dia da demolição.
O padre que reza pelos oprimidos.
E a paz quieta e serena do ouro do Vaticano.
Eu adoro os oprimidos.
Sem eles, nossa hipocrisia não seria tão óbvia.
sábado, 25 de julho de 2020
Presente
O Presente é o nosso presente.
Há ainda um outro uso, esse ainda mais curioso, e que talvez tenha algo a elucidar nessa questão. O uso da palavra em "fazer-se presente" Fazer-se presente ou Presente? Ou ambos?
Fazer-se presente, com p minúsculo, parece até arrogante. Fazer-se algo que seja visto como um agrado gratuito aos outros.
Fazer-se Presente, com P maiúsculo, pode ser visto como simplesmente manter-se vivo se a sua interpretação for a das mais frias e literais. Porém se você não está Presente, onde é que está? Aqui percebemos que nossa atenção, nossa energia mental, pode devanear facilmente a outros domínios. Precisamos dominar essas tendências para nos localizarmos onde realmente as coisas podem acontecer: o tempo Presente.
Fazer-se presente no Presente é um presente que você pode dar a si mesmo. Pratique.
sexta-feira, 24 de julho de 2020
Pão
Miopiens
As almas de nossos índios.
Os futuros das nossas crianças.
O petróleo dos nossos subsolos.
As águas dos nossos aquíferos.
As vidas das nossas florestas.
As riquezas de nossas empresas.
A bolsa comemora. Se a bolsa comemora, se as cotações estão melhorando, o que mais pode estar errado?
Que tipo de ser é esse com uma visão tão limitada da existência que olha apenas a indicadores financeiros e ignora todo o resto?
quinta-feira, 23 de julho de 2020
Em carvalho
Aí entendo.
Aí entendo que sou eu. Sou eu, não é?
Porque faz sentido. Faz um sentido enorme.
Eu não vim até aqui por amor a você.
Eu vim até aqui para fugir de mim.
Estava cansado de sonhar. Estava cansado de amar.
Estava cansado de tentar sonhar.
Estava cansado de tentar amar.
É claro que um suicídio resolve, mas eu não sou desses. Sou certinho demais. Meus dramas são todos imaginados, nunca piso muito além das encenações.
Eu me matei.
Simbolicamente.
Retirei-me da minha vida.
Desapareci minha vida de meus arredores.
Outra casa.
Outra rua.
Outra cidade.
Outro país.
Outro continente.
Outro idioma.
Outras músicas.
Outros amores.
Outras vidas.
Outras vidas.
Outras vidas.
Sou eu a desistir de mim.
Por isso ainda não lhe deixei.
Porque você tenta me apagar.
Quando tenta me segurar na cama vendo NetFlix, tenta me apagar.
Quando não quer conhecer meus novos amigos e dividir a vida comigo, tenta me apagar.
Quando não se interessa pelo que eu escrevo, tenta me apagar.
Quando não me convida para os eventos de tatuagem para me colocar no seu mundo, tenta me apagar.
Quando não gosta que eu fique cantarolando pela casa porque os barulhos te incomodam, tenta me apagar.
Quando não vê nada de empolgante nos livros que compro, tenta me apagar.
Quando não se importa de viajar sem mim, tenta me apagar.
Quando não se interessa por ouvir meus passados, tenta me apagar.
Quando não tem vontade de aprender as coisas que eu amo ensinar, tenta me apagar.
E eu sem entender de onde vinha minha covardia em prosseguir.
Mas agora entendo.
Eu tentei me apagar. Você foi minha cúmplice maior.
Você é o caixão em que eu mesmo trancafiei minha alma, e pelo qual paguei caro, e agora acho uma desistência estúpida tentar sair.
Mas a vida, a revelia, sempre insiste: vive.
quarta-feira, 22 de julho de 2020
Das mortes
Mistério
terça-feira, 21 de julho de 2020
Dos silêncios
E tentei. Eu juro que tentei. Falei com gente de todos os cantos. De todas as idades. De tudo o que é país. Mas estou cansado. Estou cansado de não encontrar eco.
- Olá! Vi que está interessada em aprender italiano e francês. Posso te ajudar! Estou estudando em um programa de mestrado em estatística. Falo esses idiomas. Estou em outro país. E você? Tem estudado com algum livro? Está interessada apenas em conversas cotidianas? Espero que possa me ajudar também.
- Oi. Blz.
Não há eco. As pessoas não falam mais. O que há com esse mundo?
Descobri que sou verborrágico. Talkative person. Mas qual é o contrário de talkative? Acho que as pessoas estão mortas.
Mortinhas de tudo, caminhando por aí.
segunda-feira, 20 de julho de 2020
Das amarras
Silêncio
domingo, 19 de julho de 2020
Pedido
- Você quer com vida ou sem vida?
- Depende... onde eu encontro você?
- Fico sentado na beirada das reticências só esperando para cair, sempre.
- Faz assim então, desse jeito mesmo, que eu me jogo atrás e caio com você até o fim da página.
quarta-feira, 8 de julho de 2020
Das simetrias do mundo
Algumas pessoas têm naturalmente um pensamento científico.
Outras pessoas constituem naturalmente um mistério para a ciência.
quarta-feira, 10 de junho de 2020
Há tempos
Não lembra que te amei,
Não lembra que cansei?!
Deixar de te amar
Custou deixar de amar!
sábado, 25 de abril de 2020
Má
O segredo não o apaga
Parece que ele bebe do segredo, se fortalece
E ela me adora
Diz isso
"Adoro você!"
E me conta das suas alegrias
E dos homens que ama
E sofro porque o amor é invisível
Não posso concluir outra coisa
O amor é invisível
Quase que involuntariamente,
É dela toda minha atenção e dedicação
E por ver tanto carinho
Sem ver nenhum amor
Contente, ela sempre declara:
És meu único triunfo
domingo, 29 de março de 2020
Os números
Quando a economia ameaça soluçar, não querem que os trabalhadores fiquem em casa, porque se não vão passar fome.
Enquanto nós paramos, o mundo veio nos olhar de perto.
Nas ruas, cervos, porcos, cisnes.
Golfinhos entraram nos portos, nos canais de Veneza.
O ar clareou.
Resta saber se vamos lembrar de olhar as estrelas a tempo.
sábado, 28 de março de 2020
Das emoções
Por isso não devem ser usadas durante a exposição de ideias, mas isso a filosofia e a ciência já aprenderam há muito tempo.
Muitas vezes, contudo, é inevitável que emoções transpareçam em discussões. Sejam elas cara a cara, ou mediadas pela rede.
Há algo de útil a aproveitar destes deslizes, a partir de uma observação simples.
As pessoas que não se importam com o seu stress e indignação são também pessoas que não se importam com a sua felicidade.