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sexta-feira, 31 de julho de 2020

O que eu não falo

Eu não quero amar ninguém agora.
E eu amo, mas amo e não falo.
E amo um amor que não quero amar, que transformo mais em uma derrota do que em uma superação, em um mérito.
Preciso meditar, encontrar uma paz na minha vida que não sei onde está.
Como é que eu olho nos olhos e falo: ei, aprecio seu amor. Me comove. Me desmonta. Amo a beleza disso tudo. Mas agora não consigo...   ?
Como se faz dessas violências?
Não sei das violências.
Não sei ser nenhum dos personagens que gostaria, e é essa minha grande tragédia.
Sou um qualquer outro que não sei de onde vem.
É no improviso, e como todo improviso, nem sempre funciona.
Mas há em mim também uma ditadura feroz, atroz... pesada e sangrenta, que impede a verdade de tudo.
Quando acontecerá a revolução?
Não sei. Quem sabe?
Agora não. Agora eu não consigo...

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Ontem

Acuado num canto de seus pensamentos, morria de medo rotineiramente de ser descartado como um inferior pelos pensamentos dela. Estudada lá na França, um lugar grande e importante que fica do outro lado de um oceano imenso, ela era dona de si com a naturalidade de quem se desgarra logo cedo das raízes patrióticas. Sabia que esse medo era uma profecia poderosa de suas derrotas futuras, prelúdio e causa em um só. E não evitava, ao olhá-la nos olhos, esconder todo esse amor amassado por trás de sorrisos bobos e olhares doces e atitudes toscas.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

No trabalho

Você tem idéia, por acaso, do quanto a vida às vezes é prejudicial à reflexão?! Kleber M. empilhou as pastas num canto da mesa, uma a uma, organizando e vendo as listas, coladas na capa com cola Prit, dos itens a verificar. A relação entre a ética de Nietzsche e a certezas científicas daquele século, pensava nisso e só nisso. Mas Kleber M. tinha um trabalho a fazer e afundado num ódio profundo ao Doutor Zanetto sabia apenas prolongar sua inatividade em fingidos trabalhinhos irrelevantes. As pastas se acumulavam, é verdade, mas essas obviedades da ineficiência são sempre enevoadas demais às verificações de uma repartição pública. A irracionalidade humana historiada nos passados mais surpreendentes de gentes que suspendem os tiros da guerra para celebrar o natal em pulos e gritos com o inimigo, e volta aos chumbos tão logo a data célebre se alonge. Pensava nisso também, Kleber M., mas era o dia de preencher a ficha de apropriação de tempo das atividades da repartição. Mastigado por nadas sucessivos, seus pensamentos acabavam digeridos por essa tripa cheia de merda que era o dia ali dentro e expelidos todos sujos num enorme cu de despropósitos.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Exausto

Amor me cansa
Estupida mania
De ter esperança

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Lápis

Tão desconhecida
Contudo, tão familiar
Tão distante
Contudo, tão próxima
Tão diferente
Contudo, tão próxima.
A gente brinca,
Brinca por que é riso
Brinca porque brincar é bom
Brinca porque o futuro é incerto
Brinca porque é sincero demais
E, brincando, é sério.
É sério é verdade.
É sério porque queremos.
Segredos de nossas vontades...
É sério porque é a vida.
Nossas vidas...

Ritmo

Há mundos inteiros entre nossos mundos

E através de tantos impossíveis

E no meio de tantos intransponívies

Seu sorriso me alcança,

Sua vida me abraça,

E minha alma, com a sua, dança

Dança como toda dança um ritmo perfeito enquanto houver música

Seqüência harmoniosa de passos conjuntos

Tem sempre um ar de que foi ensaiada,

A coreografia que sai assim perfeita

E assim será até que acabe a música:

Os mundos todos que nos separam,

De lado todos, todos mudos:

Mundos atônitos, a nos admirar!

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Festa

Tá certo que meus ânimos voavam longe por terrenos abstratos demais perto da rotina mundana e casual dos últimos dias.

E que o ambiente era de uma alegria pura, todos dançando, conversando, som alto e sorrisos.

Mas como ficar só ali? Eu via um senhor e uma senhora dançando, e pensava na vida inteira, da solidão às famílias gigantes, em todos os espectros. A humanidade tinha ali um contra-argumento veemente contra guerras e intolerâncias. Porque aquelas pessoas estavam ocupadíssimas sendo felizes e nada mais, e era bom. Valia a pena.

E ela dançando... Linda.

Há injustiça em tentar descrever? Talvez sim.

Deus deve tê-la concebido antes de todo o resto. A viu dançando e pensou que a obra valeria a pena. E que deveria haver toda uma humanidade em volta para poder apreciar também.

E se esse deleite todo de apreciar essas coisas não fosse a resposta final para todas as filosofias que já minuciaram sobre os objetivos da vida, o que mais seria?