quarta-feira, 16 de abril de 2008

Monólogo

- Mas o que se passa afinal, porque é que você anda assim tão ausente?

- Tenho que esconder meus sentimentos. Ou pelo menos julguei que deveria, ou por excesso de prudência, ou para alimentar minha ilusão de caráter.

- Sentimentos por quem?

- Por você minha cara! Por quem mais seria?

- E me conta assim, depois de tamanho esforço?

- Mas é só em meus pensamentos. Decorrerá só um incômodo menor que consiguirei superar sem grandes dificuldades.

- Mas não deveria ter me contado. Não mesmo... Sabe que não há como ficarmos juntos, sabe que...

- Que? Vai dizer que os sentimentos jamais serão conhecidos?

- E seriam algum dia? Por que? Você não acredita no que vê... É mais concreto o que faz sentido ao que você quer do que as histórias que teus olhos lhe contam todos os dias. Eu apareço diante de você vivendo uma outra vida. Estamos intransponivelmente distantes em quase todos os sentidos e você distorce as pequenas proximidades para me aproximar de você em outras formas. Porque não vive o dia de hoje fora da sua mente?

- Vou ficar aqui mais um pouco. Aqui em algum lugar em que eu possa estar mais perto de você sem interferir na sua realidade.

- Mas não se demore. Não é justo me possuir mais perto de você assim se afastando de mim.

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