Restos de uma ilha próxima trazidos pela água. Minha própria sombra, calor do sol nas costas. Barulho do vento gritando lá dentro do ouvido, entrando em meu crânio e levando pensamentos tardes afora. A cidade à esquerda, até que passos e mais passos adiante vai ficando para trás. Alguns quilômetros de praia como as praias todas foram feitas. Água, areia e verde.Vez ou outra um avião cruza os céus como um calendário caindo no mosteiro. Vai embora e tudo se esquece novamente. Grito. Grito forte, muito forte. Não escuto nada. Estou gritando por dentro, mas não percebo. Não escuto, mas a voz já estava em todos os lugares.
Piso passo a passo nas coisas que não têm sentido, nos fantasmas que me perseguem. Castelos de cartas, castelo de areia, castelos de sonhos, castas de monstros incompatíveis com o instantâneo eterno.
Sempre amei, e a areia sabe. Nunca fiquei sem namorar. Nunca deixei que a areia ficasse sozinha. Por vezes perdi olhares de perto. Aprendi a cativá-los com o tempo. Mas corações... Corações caminham todos comigo na praia. Porque a praia não tem tempo. Porque a praia tem todos os tempos.


