
Vez ou outra um avião cruza os céus como um calendário caindo no mosteiro. Vai embora e tudo se esquece novamente. Grito. Grito forte, muito forte. Não escuto nada. Estou gritando por dentro, mas não percebo. Não escuto, mas a voz já estava em todos os lugares.
Piso passo a passo nas coisas que não têm sentido, nos fantasmas que me perseguem. Castelos de cartas, castelo de areia, castelos de sonhos, castas de monstros incompatíveis com o instantâneo eterno.
Sempre amei, e a areia sabe. Nunca fiquei sem namorar. Nunca deixei que a areia ficasse sozinha. Por vezes perdi olhares de perto. Aprendi a cativá-los com o tempo. Mas corações... Corações caminham todos comigo na praia. Porque a praia não tem tempo. Porque a praia tem todos os tempos.
2 comentários:
Não sei se foi proposital, mas a sensação da leitura do último parágafo, através das sitações desconexas, é de que as imagens em nossa mente façam movimentos de ondas marítmas envaginando a areia.
Muito agradável, lembra muito o movimento surrealista de fusão com o ambiente também, senti o eu lírico quase se fundindo com a areia. Genial.
Giste muito do seu texto...
Adorei a fusão que você fez do espaço fisico com o psicologico. A união do eu com o mundo.
Afinal o que além da união de nossos desejos e do mundo ao nosso redor?
muito bom.
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Os textos trabalham com o universo das ideias... então é facil tirar a mascara.
Acontce que na vida real a mascara é presa ao nosso resto.. e sem ela acho que as pessoas nao se reconhecem.
O que é você e o que é o mundo a sua volta?
Você em seu texto uniu os dois, e por vezes o mundo é nossa mascara, nossa camuflagem, somos camelões tentando sobreviver no mundo.
Pensando na literatura me recordo de um caso que me inspira a dizer quando é possível tirar a mascara: Na morte.
Salve Machado.
Beijos
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