domingo, 15 de março de 2015

Rotinas

Minha vó sentava na poltrona de canto, na sala. É porque o meu vô gostava de sentar de frente para a televisão. Ele que mudava os canais. O jornal, o futebol, ele que escolhia. Ela sempre acordava cedo também, pra fazer o café. Mas ela não tomava café. Café era pra ele. Meu vô tomava café toda manhã, parecia que não podia começar o dia sem café. Tem um ano já que ele morreu. E todos os dias minha vó se levanta às seis da manhã. Faz café. Ao fim do dia joga o café fora, porque ninguém tomou. Senta-se para ver tevê. Senta sempre na poltrona, de canto. Nunca senta no melhor lugar. O lugar de frente para a tela. O lugar que agora está vago. Não perdeu a rotina. Não perdeu a rotina de amar o falecido esposo em cada minuto de seus atos.

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