quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Das distâncias

Tem uma coisa que eu gosto na internet. Ela faz com que a gente tenha acesso a muitas coisas distantes e em muitos momentos importantes. Mas tem uma coisa que eu não gosto da internet. Ela não tem me permitido experimentar um verdadeiro isolamento ou senso de distância. Quando eu era pequeno viajava para a cidade em que meu pai nasceu. Não ficava muito longe da capital. Só uns duzentos quilômetros. Mas nos tempos do Fusca isso eram várias horas. E nos tempos da infância as várias horas era uma longa eternidade necessariamente pontuada por sonos no banco de trás. Ao chegar lá, um outro mundo. Um mês de férias sem saber das coisas da cidade. Sem saber de notícias das pessoas. Tempo para ver as coisas locais. Os cheiros. Os doces da pequena cidade. Os tipos diferentes de flores e árvores no meio do mato. Hoje não. Hoje viajo para muito mais longe. Mil. Mil e quinhentos. Dois mil quilômetros nas entranhas do Brasil. E se tiver sinal de internet, Whatsapp e o escambau, continuo me sentindo no meio da Av. Paulista.

Nenhum comentário: