Eu seria professora. Era meu sonho. Queria ensinar. Gosto de crianças. Mas fiquei grávida. Eu tinha que trabalhar. E depois não dava mais pra trabalhar e cuidar da criança e estudar direito. Trabalhar, não podia. Deixar a criança de lado não dava. Minha mãe não tinha tanto tempo pra ajudar porque trabalha também. Não temos dinheiro pra bancar uma babá. Não casei, porque o pai da criança sumiu quando soube que eu estava grávida. E ainda estou atrás dele, na justiça, tentando conseguir minha pensão.
Eu não aguentava mais. A vida estava ruim. O dinheiro era pouco e a satisfação, menos ainda. O pequeno era bebê ainda. E tinha essa família... Era ricos, donos de restaurantes por aí, até em shoppings... Eles não podiam ter filhos. E amaram tanto o pequeno. Fizemos um acordo. Eu dei a criança. Eu não tinha registrado ainda porque nem sabia fazer direito essas coisas. Ganhei um dinheiro bom. Não comprei casa não. Fui virar artista. Fui cuidar da minha vida. Fui me dedicar às pinturas, que eu gosto mais. Um dia, espero, o pequeno possa entender. Ou talvez não entenda nunca. Mas tem muita coisa na vida que nunca me explicaram também e que eu acho que nunca vou entender. Não dá pra entender tudo.
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