Chegou um momento em que eu não queria falar mais com você. Nunca mais. Eu não queria nunca mais ter o prazer dessas conversas que estragam todas outras conversas. Porque eu conhecia já a abstinência que desabaria. Eu sabia da tristeza que seria conversar com todo o resto da humanidade. Eu sabia que procuraria um pouco de você em cada nova fagulha de companhia que encontrasse. Sabia que juntando todas essas migalhas ainda não daria meio prato. Fome. Dor no ventre. Então silenciei. Silenciei para tentar me livrar da fome. Como se parar definitivamente de comer fosse a saída para o corpo esquecer dessas precisanças. Mas no fundo nunca desisti. Somei todas as conversas que consegui e ainda não resultava nas tuas. Somei todas as risadas que ouvi e ainda não era você. Juntei todos olhares que vi e ainda precisava do seu. Eu fui pra longe. Eu precisava ir pra longe. Mas você volta? Depois você volta? Não diga nada... Só chegue perto e diga "oi". Quantos anos? Dez? Vinte? Cinquenta? Só poucos meses? Sério? Foram várias vidas de espera para mim.
sábado, 26 de agosto de 2017
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