Todos eles nascem assim, hoje. Assim em dois berços. No berço hermético que habita em mim, berço fechado em si que se projeta pra si que só quer saber de si. E nos exorcismos. Nas erupções incontidas. Nas cuspidas escatológicas pra fora no último desespero abrupto que salva de um engasgue mortal. Exorcismos herméticos. Expressões desesperadas de mim que precisam nascer antes que me matem, mas cujas raízes e ligações finais guardo pra mim, covardemente demais talvez, prudentemente demais, espero. Eu sou um escritor no sentido mecânico de gastar tempo considerável na lida de escrever. Mas sou um leitor também, e como leitor estou longe de ter meus escritos como preferidos. Sou medíocre. Sou consideravelmente medíocre. Na variedade dos temas, na criação de cenas, nas fronteiras do vocabulário e no trançar do estilo próprio. Bem medíocre. E gosto disso, por fim, é estranho, difícil de explicar aos outros e difícil de explicar a mim mesmo. Mas gosto dessa mediocridade. Ela me dá a paz de saber que vou poder continuar escrevendo única e exclusivamente por conta disso: precisar escrever. Porque em outros domínios da vida já me deixei admirar em meus méritos e sei o fardo que é uma admiração próxima toda cheia das expectativas que cheiram de perto, olham de muito perto e querem tocar o tempo todo. Não se tem paz. E se tem algo que quero quando escrevo e que eclipsa toda minha mediocridade e me conforta é bem isso: essa paz.
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
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