sexta-feira, 6 de março de 2020

Nuvens

Eu tinha os olhos fixos no palco. Nela.

Parte de mim achava ridículo como ela se mexia feito boneco de posto de gasolina, jogando os braços e a cabeça para os lados como se aquele subsolo velho de paredes esfarelando estivesse sendo invadido por um Katrina. Wind. Wiatr.

Parte de mim entendia que se mexer daquele jeito livre e prazeroso, na frente de estranhos, era uma coragem maior do que eu jamais teria. Eu sentia inveja. Não era um papel. Não era ma interpretação. Não era o espelho das expectativas alheias. Era ela. De dentro pra fora.

Aquela liberdade brilhava uma luz que fazia entender o quão preso eu estava em mim.

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