quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Papéis

Às vezes escrevo pra ser mais eu mesmo. Pra deixar nas palavrinhas, fixadas nas suas formas, minhas deformações interiores. Pra eu ver na minha frente, num texto visível, existente, as coisas que sou.

Às vezes escrevo porque não quero ser eu. Não quero ser quem sou. Escrevo para ser outra coisa. Para ser coisas que imagino. Para ver o que consigo imaginar. Para ver se invento um outro passado e penso em outras coisas. Pra ouvir outras vozes. Pra me ver em outros lugares.

Fuga?

Sonhos?

Anseios?

Ou só o prazer inexplicável da imaginação?

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