Guilherme

- Boa tarde amigo, com licença? Teria aí dois reais? Um real? Pra me ajudar...
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- É pra comprar uma marmita, compro ali na frente...
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- Custa quinze reais, lá eles fazem uma boa a quinze reais.
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- Achar lugar pra dormir na rua é foda, sabe? E não dá pra dormir sempre no mesmo lugar.
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- Tem os skinheads.
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- Sim, uma vez chegaram a jogar gasolina em mim. Eu fugi, saí correndo mas cheguei a levar uns chute.
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- Não, sou do sul. Tinha minhas crianças, mas aí não deu pra ficar aqui. Ficaram com minha mulher. Minha ex-mulher. Pelo menos consegui um canto pra elas, sabe?
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- Um barraco. Dei dois mil no terreno. É pouca coisa, mas é um espaço que conquistei. Na verdade foi de assentamento. Mas hoje tem um lugar lá. Um barraco de madeira. Mas coloquei uns móveis lá pra eles. As crianças tão lá.
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- Treze anos. Ela tinha treze anos quando eu engravidei ela da primeira vez. Daí depois a gente teve mais dois. São três filho, sabe? Num dá pra ficar aqui na rua com eles não. Lá é melhor...
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- Tenho vinte. Hoje tenho vinte...
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- Tô com um ferimento na perna também. Precisa de uns remédios, sabe? Anti-inflamatório. As feridas ficam estourando. Daí infecciona. Porque não tem onde tomar banho.
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- Noite fria é foda, mas esses dias tá de boa.
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- Água? Pode ser um refri? Sabe, né? Tem uma glicose, já dá um grau melhor nas energia. Daí a gente vai levando...
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- Obrigado, deus te abençoe!