Descobri na prática o que todo brasileiro já sabe. Posso ser roubado. De repente eu chego em casa e minha televisão não é mais minha. Saiu por aí sem dar notícias. Meu computador se foi. E com ele meus textos, ideias, meus arquivos baixados. Músicas e filmes que eram tão meus. Felizmente meus livros sobreviveram. Ou infelizmente: me dou conta, no meio de um alívio até então reconfortante, que os ladrões não se interessam a mínima pelos meus títulos. Já tem um tempo mas, desde então, vivo com medo. Quero colocar trancas em tudo. Quero levar minhas coisas comigo. Neurótico. Não deixo nada em casa. O carregador do celular. A máquina fotográfica. Vai tudo comigo. Como se não pudessem me roubar na rua. Como se, no caso de roubo, fizesse sentido poder dar um último adeus.
sexta-feira, 27 de maio de 2016
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