Há duas escritas. Há uma escrita para o mundo. E esta, invariavelmente, é uma escrita de fora para dentro. É a escrita que deve inserir algo no interior de alguém que vier a ter contato com as letras. Muitos escritores ignoraram esse fato e publicaram textos que pouco conseguem ensinar e causam mais sofrimento e frustração do que informação.
E há também a escrita de dentro para fora. Que é a escrita-exorcismo. A escrita-auto-psicográfica. A escrita-terapia. A escrita-exploração-de-si. Esta não precisa ser inteligível. Não precisa voltar jamais a ser lida, nem mesmo pelo autor. Sua função é a de estruturar e acalmar pensamentos. Dar voz e estruturas a coisas perdidas lá dentro. Muitos filósofos e sociólogos publicaram textos escritos dessa forma, por não entender esta distinção.
E não é uma diferença óbvia. Não se trata da diferença entre um diário e uma matéria de jornal. Trata-se uma diferença no modo de escrever. Um texto aparentemente jornalístico pode pertencer à segunda categoria, ao passo que uma escrita em diário, devidamente bem estruturada, pode pertencer à primeira. A diferenciação está no modo de escrever. No modo de conceber, ou não, um leitor do outro lado. E sentir empatia por este leitor, ainda que ele seja no momento um completo desconhecido.
sábado, 6 de junho de 2015
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