Primeiro morreu a lanchonete. A lanchonete que tinha os banquinhos antigos ainda, aqueles redondos que ficam sobre tubos de metal, em frente ao balcão. A lanchonete que tinha uma televisão antiga, de tubo de raios catódicos, mostrando vídeos o dia inteiro. Vídeos de aviões. Ficava de frente para o pátio. Pelas janelas largas entreva o sol e saiam olhares apaixonados. Os velhos frequentadores tinham sempre muitas histórias e sorrisos. As paredes eram forradas de quadros colecionados ao longo de décadas. Ilustrações. Frases, brincadeiras, presentes. Tudo isso foi derrubado. Daria lugar a um novo bar. Uma franquia. Móveis modernos. Design oriundo da mente estudada de um arquiteto. Otimização do fluxo de pessoas. Maximização dos lucros e modernas estratégias de marketing. O antigo dono, ao que eu soube, durou pouco mais de um ano. Adoeceu. Desistiu de viver. Rendeu-se ao roubo legalizado de que fora vítima.
terça-feira, 9 de junho de 2015
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