domingo, 12 de janeiro de 2020

Continental

As duas moças no banco de trás do ônibus eram um barato. "Um barato", que expressão... será que estou velho? Outro dia chamei alguém de "nó cego" e ninguém entendeu. Falaram que era uma expressão de vovô, que nunca tinham visto alguém usar isso desde a TV colorida. Enfim, mas as duas eram um barato, isso eram. Falavam de relacionamento. Uma delas estava com problemas de namoro e a outra ia aconselhando.

- Ih, mas é assim, é assim mesmo! Você quer sair, muda de planos. Sai do trabalho, dá uma ligadinha e fala um oi, fala que tá indo ver sei lá o quê, pronto desliga, tá avisado, sabe... É isso, é trabalhoso, mas é assim!

- Meu, eu não vou conseguir. Avisar qualquer mudança de plano todo dia? Eu não faço isso nem com a minha mãe! Não dá. Sei lá. Acho que é melhor assim: a gente namora de fim de semana e fica solteiro durante a semana. Não dá. Dar satisfação sempre? Nunca fiz isso na vida!

Como sensibilizei com ela. Quase virei-me para de repente dar um abraço nela, em sinal de identificação com a causa. E também em sinal de que eu reparara no quão bonita era a moça.

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