Xícara, pires. Colher perpendicularmente posta.
Leite quente.
Café e aquela fumacinha de vapor indiferente a tudo, subindo, calma que dá inveja.
Azuleijos frios.
Barulho de metal contra a porcelana. Colherinha mexendo, girando, girando, girando, girando...
E ela gritava tantas coisas por dentro. Sofria o marido tê-la deixado.
Os filhos não compreenderem nada. Sofria a irmã controlar sua vida...
Sofria a casa gigante estar velha e caindo pelos cantos
pintura
telhado
goteiras
janelas
poeira
bagunça
ratos
E gritava, e gritava por dentro, músculos rígidos, berro de cançar pulmões, diafragma, até as pernas se cansavam, de tanto berrar!
Metal contra a porcelana, girando, girando, girando... Lá fora, só se ouvia isso.
sábado, 31 de agosto de 2019
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