terça-feira, 20 de agosto de 2019

Tango

Ré Fá Si, Buenos Aires Café: tango. Fones de ouvido fazendo meu mundo secreto. E vou passando pelos blogs das pessoas que põe a alma do avesso, que vomitam o lado de dentro, que gritam pro mundo, do alto do Everest: eu! sou eu! Um grito no vazio, e eis que uns, aqui e ali, escutam. Vou vendo as vidas dos outros e entendendo que nestes últimos anos eu morri. Sim, é isso, que outra explicação há? Eu morri... A vida que borbulhava dentro de mim, que pensava, que queria, que sonhava, que dançava no escuro: cadê? Onde? Deixei esses anos sérios diluírem-na para sei lá onde. E agora tenho que reconhecer que morto estou, e que é algo morto que olho o mundo. É um momento importante, afinal esse tango tem qualquer som de que renascer é possível. De que a morte é inevitável, e que nem por isso é um fim. Vou renascer num agudo qualquer, num desespero novo, que não sei bem aonde será. Onde está a vida mais prazerosa de se viver? É só isso que quero saber... quero sentir esse sabor delicioso, que tantas vezes experimentei aqui e ali, mas que se dilui em seriedades inúteis. Seriedades que nos fazem humanos ao nos roubar o melhor de nossa humanidade. Odeio as seriedades.

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