Nunca contei à minha Nástienhka das minhas solidões todas. Ou de meu amor por ela. Sou mais um Florentino Ariza, mas também quieto, nunca escrevi cartas de amor, nunca dei os sinais que deveria. O que corrói é a hipótese de que ela também já me amou em segredo. Que talvez até ainda me amasse ou que já tenha feito por diluir esse amor nas águas do tempo.
E a vida segue e esses pensamentos todos são espetáculos secretos, dos quais sei os meus, mas que a muitos acometem.
Estranho contraste entre a profunda incongruência desses espectros internos e a rápida solução proposta pelo mundo prático numa trivial reunião de mesa de bar. Olhando essas duas vidas se fundirem na minha, já que não sou nem completo recluso nem invejável boêmio, fico a pensar que nunca somos vítimas. Somos sempre co-autores das emoções que borbulham em nosso peito. Por vezes, e talvez quando menos parece, somos os autores principais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário