domingo, 1 de dezembro de 2019
Chaplin
Você etá em uma festa e aparece um maluco dançando com você. Ele está sem camisa. Veste apenas uma bermuda malhada, pele de tigre, e chinelos. A festa é a fantasia, e isso dá algum perdão ao traje (ausência de traje?). Mas algum perdão não é perdão completo. Ele sorri e dança com você. Sorrisos são bons. Dançar é bom. Então tudo bem. Vocês se beijam. Tudo bem, beijos acontecem. Mas uma semana depois e lá está ele, no telefone. E depois na frente da sua casa. E depois na mesa do restaurante, à sua frente, perguntando por suas histórias e esmiuçando recantos da sua vida normalmente alheios a estranhos. Ele está menos mal vestido agora. O que, em perspectiva, faz até parecer que houve um progresso. Mas é natural que você esteja assustada. É natural que você dificulte as coisas. É natural que você não o queira assim tão perto tão de repente tão não sei pra quê. É natural que você não receba nunca a cartinha que ele lhe escreveu no meio da madrugada nem o conjunto de cordas de violão que ele buscou pelas lojas da cidade para reavivar suas músicas.
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Dos diários antigos,
No dos outros...
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