segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Pradópolis

É que o tempo da noite, deslisando sobre o sono, corre mais rápido.

É que a urgência do amor, transpirando saudades, morde mais forte.

Yara andou por entre postes e calçadas ignorando o medo da escuridão e dos escuros, medos esses sempre tão seus, tão incontornáveis.

Não avisou a mãe. Não pediu ao pai. Não acordou o cachorro.

Chinelos. Frio. Passos firmes.

Algumas poucas considerações lógicas pulsavam em sua mente, reféns de mil emoções explosivas.

Chegou em frente à casa. Era o quarto da frente, a janela de cima.

- Ei, ei! - murmurou alto, para ele ouvir.

A incredulidade abriu a janela.

- Eu vou! Amanhã eu vou sim! Espere lá na rodoviária, que eu vou sim!

E voltou para casa. Sem acordar o cachorro, o pai, a mãe ou o vizinho. E sem conseguir fazer dormir suas imaginações mais ousadas.

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