A areia do mar já foi uma montanha. Que se ergueu por força tectônicas. E que foi erodida pelo vento. Pela chuva. Os átomos que estão em uma planta hoje, ou adubando a terra, ou constituindo esse lanche que está aqui ao lado num pratinho, já podem ter pertencido ao fígado de um tiranossauro. Ciclos. Mas o que são as pessoas nesses ciclos? O que são nossas coisas? Essa mesa vai apodrecer. Quem vai saber que existi? As grandes coisas. As grandes descobertas. Quem descobriu a roda, quem descobriu a matemática, quem afinou a música... Essas pessoas podem não ser lembradas mas suas obras permanecem. Pra que serve este café? Pra me manter acordado em uma noite inútil. Não vou mudar a fome mundial. A poluição global. O nível dos oceanos. O déficit de educação do meu país. Essas palavras, agora digitais, apodrecerão num lapso instantâneo qualquer. E ainda assim eu aqui, sozinho, sinto qualquer prazer. Essa descoberta estranha de que a existência é o convívio de dois modos distintos: uma ligação com o futuro e um desfrute do presente.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
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