Tem quem pense que eu sou roqueiro. Eu mesmo já o pensei. E se ainda o penso não é mais com relação ao gosto musical. É quanto a filosofia de vida. Modo de existir. Postura existencial. Mas, roqueiramente confesso, nem sei se o rótulo é correto. Não sei qual é o consenso adotado por aí em torno da palavra "roqueiro". Só que não me importo, e é precisamente nisso que me acho roqueiro. Retornando ao assunto das músicas, o que eu descubro são contrastes.
Posso escutar um Heavy Metal. Angra, talvez. Mas no modo em que mais gosto de utilizar minha playsit, que é o aleatório, não tem como suspeitar do que vem depois. Pode ser um pesado "That I never had", de Ozzy Osbourne, sem levantar suspeitas nenhuma quanto à minha roqueirice. Mas pode ser também um incrível violão e voz de Michael Hedges, uma profunda trilha sonora de Danny Elfman de qualquer um dos filmes que ele musicou, uma versão de Eleanor Rigby no melhor estilo chorinho (de Hamilton de Holanda), a Suíte da Noite Estrelada, no incrível piano de Elisa Meyer Ferreira ou um chorinho tocado pelo Choro das 3 com a família toda... A família e a família extendida, por assim dizer, o que inclui amigos, outros compositores, etc... E depois vem Bluette, de Dave Brubeck. Teatro Mágico. Boi Pirilampo. Corrs. Móveis Coloniais de Acajú. Fica mais um pouco amor, de Adoniran Barbosa. Sher, o doce klezmer de Giora Fiedman. Jamiroquai. O som tradicionalíssimo de Ibrahim Ferrer. O groove arranhado de Betty Davis. O som reflexivo de Coldplay. E escuto coisas pops ou bregas ou raras ou velhas ou clássicas ou tradicionais. Brahms, Língua de Trapo, Madredeus, Caetano, Eddie Danniels, Gospel, Vivaldi... Paula Fernandes, Lorde, Sia, Duke Ellington, Chiquinha Gonzaga, Irene Portela, Silvio Caldas, Altamiro Carrilho, Ceumar...
Então qual é o sentido de eu me dizer roqueiro por ouvir Angra, Aerosmith, Guns n' Roses, Evanescence, Ozzy, Gammaray, Helloween, Blind Guardian, Bruce Dickinson, Iron Maiden, Nightwish e Savatage?
Acabo descobrindo que, no fundo, o que eu não gosto é de um crachá no peito, camisa de força da alma... E, seja o estilo qual for, não aguento um dia inteiro do mesmo som. Que os dias tenham tantos sons quanto o espírito tem humores. Gosto de varandas. De calçadas largas. Não gosto de janelas fechadas. Não gosto da claustrofobia do estilo.
Relendo, vi que esse texto não explicou absolutamente nada sobre o que se propunha, meu gosto musical. E vi também que assim basta.
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