segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Insônia

Águas e alagamentos. Sol e aridez. Café e leite. Café com leite. Livros velhos. Literatura de cordel.Pernas. Mordidas. Cheiros. Lembranças. Calçadas. Desconhecidos. Frevo. Fervo. O homem foi até a Lua e voltou triste, lá não haviam souvenirs, nem parques para passear, uma tristeza. Um filhote de gatinho perdido na noite. A mãe foi atropelada. Miau, miau. Potinhos velhos de margarina com leite já azedando. Humanos preocupados. Um mendigo que tem tortos os poucos dentes que lhe restam. Um trocado, uma ajuda? Não, nada. E noventa reais mais tarde num restaurante onde todos saem quase vomitando de tanto comer. Empanturrados. Humanidade podre. Jesus volta como mendigo para testar quem tem um coração bom. Li uma historia assim em um Gibi quando era criança. Comerciantes que atendem de má vontade. E reclamam da crise. Água numa parte do país. Seca em outra parte. Dinheiro em uns bolsos. Pobreza em calças furadas. Calor em alguns corações. Invejas de outras vidas. Inveja da minha vida. Preso demais em mim mesmo. Solto demais em mim mesmo. Onde estou? Como vim parar aqui? Embarque. Desembarque. Embarque. Desembarque. O que enxergam essas pessoas com olhar de raios X? Raios A, B, C... Raios letrados. Raios poéticos. Raios rimados. Raios. Que sono! Raios!

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