O vagão de trem ficou mais de uma hora parado. Ela estava sem dormir, emendando o trabalho da noite anterior com a aula de fotografia de hoje. Iríamos para Paranapiacaba. De repente, começou o desespero. Ela precisava sair dali. As mãos esfriaram, tremendo. Formigação no rosto. Voltamos. Saímos do trem ainda algumas estações antes do destino, pois ela não aguentava mais ficar no trem. Chamamos os pais dela. E chamamos também resgate. Ninguém entendia o que estava acontecendo.
Aí as mãos dela começaram a se contrair novamente, ela começou a reclamar de mais formigação no rosto. Não conseguia falar as palavras direito. Pediu ajuda desesperadamente. Fui acompanhá-la a uma sala próxima, onde havia sombra e alguns banquinhos. Ela se apoiou em mim. Os passos começaram a se enganar quanto a direção correta a seguir. Ela anunciou:
-Acho que vou desmaiar.
E eu apenas disse:
-Pode desmaiar!
Foi como se tirassem as pilhas um brinquedo. Ela desabou na hora. A segurei antes que viesse ao chão e dois seguranças se aproximaram para ajudar.
Em pouco tempo o pai chegou de carro, com a irmã, e a levaram para um hospital.
Fizeram todos os exames possíveis. Coração. Possibilidade de ter havido um AVC. Tudo foi considerado.
A conclusão é de que ela foi vítima de uma epidemia moderna: estresse. Recomendação: trabalhar menos.
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