quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Literatura em tempos de twitter

Recebi no meio da bagulhada toda que vem no e-mail:

Para pessoas muito ocupadas sem tempo para leitura, mas sem prejuízo de conhecer o conteúdo das obras

William Shakespeare
Romeu e Julieta

Dois adolescentes doidinhos se apaixonam, mas as famílias proíbem o namoro. As duas turmas saem na porrada, uma briga fodida, muita gente se machuca. Então, um padre filho da puta tem uma idéia idiota e os dois morrem depois de beber veneno, pensando que era sonífero.
Fim.

Gustave Flaubert:
Madame Bovary.
778 páginas.

Uma dona de casa mete o chifre no marido e transa com o padeiro, o leiteiro, o carteiro, o homem do boteco, o dono da mercearia e um vizinho cheio da grana. Depois entra em depressão, envenena-se e morre.
Fim.

Leon Tolstoi
Guerra e Paz.

Paris, Ed.Chartreuse. 1200 páginas
Um rapaz não quer ir à guerra por estar apaixonado e por isso Napoleão invade Moscou. A mocinha casa-se com outro.

Fim.

Marcel Proust:
À La recherche du temps perdu. (Em Busca do Tempo Perdido)
Paris, Gallimard.
1922. 1600 páginas.
Um rapaz asmático sofre de insônia porque a mãe não lhe dá um beijinho de boa-noite.
No dia seguinte (pág. 486 vol. I), come um bolo e escreve um livro. Nessa noite (pág.1344, vol.VI) tem um ataque de asma porque a namorada (ou namorado?) se recusa a dar-lhe uns beijinhos.
Tudo termina num baile (vol. VII) onde estão todos muito velhinhos - e pronto.
Fim.

Luís de Camões:
Os Lusíadas.
Editora Lusitânia
Um poeta com insônia decide encher o saco do rei e contar-lhe uma história de marinheiros que, depois de alguns problemas (logo resolvidos por uma deusa super gente fina), ganham a maior boa vida numa ilha cheia de mulheres gostosas.
Fim.

William Shakespeare
Hamlet


Essa é foda.

Um príncipe com insônia passeia pelas muralhas do castelo, quando o fantasma do pai lhe diz que foi morto pelo tio que dorme com a mãe, cujo homem de confiança é o pai da namorada, que, entretanto, se suicida ao saber que o príncipe matou o seu pai para se vingar do tio que tinha matado o pai do seu namorado e dormia com a mãe. O príncipe mata o tio que dorme com a mãe, depois de falar com uma caveira e morre assassinado pelo irmão da namorada, a mesma que era doida e que tinha se suicidado.
Fim.

Sófocles:
Édipo-Rei

Maluco tira uma onda, não ouve o que um ceguinho lhe diz e acaba matando o pai, comendo a mãe e furando os olhos. Por conta disso, séculos depois, surge a psicanálise que, enquanto mostra que você vai pelo mesmo caminho, lhe arranca os olhos de cara em cada consulta. Parada muito doida.
Fim.

William Shakespeare
Othelo

Um rei otário, tremendo zé-roela, tem um amigo muito filho da puta que só pensa em fazê-lo de bobo. O malandro não ganha um cargo no governo e resolve se vingar do rei, convencendo o de que a rainha está dando pra outro. O zé mané acredita e mata a rainha. Depois descobre que não era corno, mas apenas muito burro por ter acreditado no traíra. Prende o cara e fica chorando sozinho.
Fim.