sábado, 31 de março de 2012

The miracle of language

Displacement
This placement
This place meant

And in every conversation
It's so clear!
The obvious is a thousand times faster
Than the creativity of our doubts
In the history of science
Philosophy
And arts
This is an important part!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Mais exorcismos

Quantos fantasmas te assombram? Eu sou constantemente assombrado por medos diversos. Medos de fracassos. Medo de que certas escolhas não passem de uma escolha errada. Medo de perder um pouco desta coisa se escolher tentar também aquela. Você está me entendendo? Identifica-se com este tipo de situação?

Eu quero fazer outros cursos. Mas e se isso de alguma forma atrapalhar minha carreira?

E quanto ao livro que quero escrever, de onde vou tirar tempo para tocar este projeto?

Talvez eu, às vezes, tenha tempo livre demais para ficar pensando.

Talvez eu pense nas horas erradas.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Fútil

Não é que eu tenha um interesse desmedido pelo fútil. Mas entender a dinâmica dos interesses das pessoas é algo que ainda vai me ajudar a entender melhor, inclusive, o interesse pelo não-fútil.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Que venha a velhice!

De que importam as datas e as idades e os tempos? Corremos atrás desse roteiro imaginário. Sofremos nessa auto-avaliação estúpida. Mas o que importa? Vinte anos, a faculdade, o namoro... Um carro? Trinta anos, o trabalho, o casamento. Quarenta anos, a casa, os filhos. Que coisa mais sem sentido. As pessoas mais felizes que conheci descobriram alguma maneira de ignorar tudo isso. Que sorte a deles, que sorte! Vivem no ritmo próprio e tem a idade certa de viver aquilo que gostam. Estudos, filhos, casa, viagens, tudo isso ditado mais pelos conflitos entre possibilidades e vontades do que por checkpoints imaginários na quarta-dimensão. Tenho essa amiga, Rê, cuja vó, digo sempre com convicção, é ao menos vinte anos mais nova que ela própria. Milagre? Maternidades duvidosas na árvore da vida? Não não, diferença de atitudes mentais, só isso. Minha amiga Rê está sempre se distanciando de suas vontades pois luta para cumprir obrigações que não escolheu, ela própria, para si. A avó, por outro lado, tem como mais alta manifestação de sua lucidez uma capacidade incrível para esquecer seus quase noventa anos quando decide se aceita ou não um convite para o cinema, para visitar pessoas queridas ou para convidá-las a sua casa. O único critério é a vontade e o ânimo que se experimenta no momento. Coisa que deveria ser o critério para tantas outras decisões na vida. Quanto a mim, não quero ser sempre jovem. Quero envelhecer logo, amanhã já, daqui a pouco. Mas quero envelhecer como a vó da Rê.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Violinos e alfaces...

Ela era vegetariana e absolutamente contra a criação de ciclovias em São Paulo. Não que a associação entre esses predicados fosse óbvia, exceto para ela, que sempre os anunciava assim, justapostos, com uma naturalidade que só a certeza do óbvio pode produzir. Era romântica dos ursos de pelúcia rosa espalhados pelo quarto e apreciadora de cartas perfumadas. Não ia para o cinema se não fosse para assistir filmes como Velozes e Furiosos ou a trilogia de X-Man. Diversão é diversão, dizia ela. Para coisas sérias há outras ocasiões. Tocava violino em um conservatório desde os sete anos. Tinha a discografia completa do Reginaldo Rossi e adorava cantar garçon, aqui, nessa mesa de bar... nos videokês da cidade.

terça-feira, 20 de março de 2012

Coisas de estética

O que é que você quer de um livro? Eu fiquei chocado outro dia. Levei a uma amiga um livro sobre um cara que tinha dúvidas sobre a vida dos homens das cavernas e então decidiu passar, ele mesmo, um tempo vivendo em condições selvagens, em cavernas perdidas no mundo. E sem uma arma, sem uma lanterna ou pilha elétrica para o radinho ou o que quer que seja. Lá na última visita a casa dela, anuncia assim o livro a uma outra amiga:

- Ah, é um livro que o Adoniran me emprestou.

- Sobre o que é? É bom?

- É um cientista que tinha dúvidas sobre o modo de vida dos homens das cavernas e aí ele vai lá viver nas cavernas um tempo. Mas é muito chato, porque tem partes que fica descrevendo as cavernas em detalhes demais. Só interessa para metidos a cientistas, como o Adoniran mesmo. É meio chato!

Desculpe, desculpe... Não a obrigo a gostar do livro, claro. Mas há algo que se perdeu aí... Confesso, confesso: quanto ao livro em si, eu também achei a leitura muitas vezes pesada e pulei algumas partes. Mas isso não diminui em nada minha empolgação com relação à história como um todo, e mais anda, minha empolgação com relação ao feito desse cientista.

Acho que a apreciação das coisas humanas deve sempre olhar ao humano que está por trás da obra. O livro é uma pequena ondulação na superfície de uma realidade maior. Uma pequena parte do elefante, se preferir. Apreciar a arte pelo que ela contém em si, e nada mais, para mim parece uma espécie de consumismo cego. Nunca se trata da arte, apenas da arte. É uma coisa humana... há o contexto da vida emoldurando tudo. É por isso que eu me entristeço também em ver quem não sabe apreciar a música dos que estão a aprender música. Há pessoas que têm ouvidos apenas para as mais destacadas produções humanas da história. É um elitismo e, como todo elitismo, pobremente cego. Não vou mais desenvolver a idéia aqui. Este não é um ensaio acabado sobre o tema - não é nem um ensaio. Não é o melhor post da internet. É um texto sem chance de receber atenção daqueles que o inspiraram.

domingo, 18 de março de 2012

Das distâncias

Eu a conheci de forma totalmente inesperada. E fiz o que nunca havia feito antes... Depois de conversar um pouco no metrô, a caminho de casa, e esperar o ônibus com ela, na hora de dizer tchau a beijei. Beijo roubado. Eu não poderia deixar de fazer isso. Eu me sentia feliz. Eu me sentia feliz como não lembrava mais ser possível. Minha solidão profunda daqueles dias quase surreais havia se diluído naqueles olhares cheios de sorrisos, naquela vontade de rir de todas minhas infinitas idiotices ditas à toa. Ela entrou no ônibus e eu entrei em crise. Uma ótima nova amizade que se apresenta, e botei tudo a perder. Depois dessa atitude idiota, não vai mais falar comigo.

Mas falou comigo. E viajamos juntos. E nos beijamos algumas vezes. E dormimos juntos. E ela se encaixava tão perfeitamente no meu abraço. I could stay awake just to hear you breathing. Efetivamente, meu sono vinha uma ou duas horas após o sono dela. Fiquei idiota? Eu admirava a paz infantil do sonho dela. E ficava sem acreditar na ergonomia perfeita daquele corpo doce sobre meu braço esquerdo - quem quer que já tenha dormido abraçado a um par sabe das dificuldades que tenho em mente aqui. Era confortável estar perto dela, não só pela minha alegria exagerada, mas havia um conforto físico também.

Por onde ela anda agora?

Sente saudades?

O que importa, realmente, responder essas coisas?

Há distâncias na vida que a gente não controla. Mas, sendo honesto, esses ventos que a levaram são os mesmos que a trouxeram, e só posso ser grato.

terça-feira, 13 de março de 2012

sobre ser o que se é

...e quanto a aquela parte de nossa essência que existe sem que controlemos? Também é parte do que somos em nosso imaginário?

Gostamos de ser nossa criatividade, nossa imaginação, e mesmo nossos sonhos.

Mas quanto a coisas que não controlamos...

Raça, por exemplo. Um negro é negro. Mas reduzí-lo a isso, ou sequer mencionar esse fato (e, enquanto fato, nunca deixará de sê-lo) é hoje por mil razões um problema enorme!

Uma pessoa alta é uma pessoa alta. Fato. Mas esse fato, até que ponto se incorpora ao seu imaginário, ao seu orgulho de si? Mais que isso: até que ponto pode ser incorporado a sua lista de méritos?

Há outras existências incontroláveis porém talvez intermitentes.

Nossas raivas. Nossas raivas são intermitentes. As absorvemos como parte de nossa existência também?

E quando as palavras são assim incontroláveis também? Não escrevo quando quero, nem bem o que quero. Às vezes só tenho que escrever, e qualquer coisa e não importa. E é um alívio. Um alívio de brincar de qualquer coisa que não sou exatamente eu, mesmo o sendo...