terça-feira, 25 de novembro de 2014

Equilíbrios

As tentativas de compreensão do mundo esbarram, invariavelmente, em histórias de equilíbrios.

Os antigos falavam no equilíbrios dos humores, os fluidos internos responsáveis por nossos diferentes estados.

Os economistas falam no equilíbrio dos mercados, oferta e demanda opondo-se com intensidades convergentes.

Os psicólogos falam em equilíbrio interior.

Os físicos e engenheiros falam em equilíbrio de forças, vetores pontudos apontando para tudo o que é lado até que nada aconteça.

Mas existem outros equilíbrios por serem explorados.

Os equilíbrios de prioridades. O que você acha importante? O que seu vizinho acha importante? O que o presidente do país acha importante? O que o mendigo na rua acha importante?

Os equilíbrios de carências. Quem quer fazer o bem aos outros? Quem precisa urgentemente de uma boa ação? Quem quer um abraço? Quem quer abraçar? Quem não quer saber de nada disso?

Os equilíbrios de olhares. De sorrisos.

E séculos depois de começarem a estudar esses assuntos talvez descubram o que a economia só agora ameaça descobrir: o equilíbrio é uma mentira. Inventada pelos estudiosos para simplificar as coisas e possibilitar os diagramas nos livros. A realidade é uma onda, algo que sempre pende mais para um determinado lado, gerando um fluxo em uma determinada direção. A natureza não pára nunca. (sorria)

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Time Lapse

Quanto tempo será necessário para escrever um romance inteiro?

Do que vou falar no meu romance? Vou um dia conseguir viajar sozinho? Morar fora?

Dedicar minhas energias a idéias que nem sei exatamente quais são? Tantas coisas por entender no mundo.

Tantas coisas por fazer na vida.

Vou passar uns dias longe de casa, em breve. Começar um novo trabalho.

Perseguir um sonho. Voar alto em meus devaneios. E a vontade de escrever, mais e mais.

Mas escrever consome tempo. E tempo muitas vezes são horas de sono. Atenção à família. Tempo para estudos. A hora da caminhada saudável. O tempo para preparar uma boa comida. Escrever consome. Consome muitas coisas.

O que é que eu vou escrever, afinal? Vivo escrevendo, como agora. Mas escrevo, a vida inteira, sobre o sonho de escrever alguma coisa.

Não tenho condição de ser um escritor desses super eruditos, porque a vida não me fez erudito.

Ou eu não me fiz.

Não li as coisas que sonhei ler. Não estudei as coisas que sonhei estudar.

Mas tenho dentro de mim um sonho, uma fagulha de curiosidade, e sei que é possível fazer disso alguma coisa.

Matérias abstratas que se tornam concretas por geologias estranhas.

O que vai ser do futuro?

sábado, 15 de novembro de 2014

Paradoxos ou ironias

Amar foi o que mais me afastou das pessoas que eu amei.
E conter o amor foi o que preservou um grande amor por perto, ainda que, por fim, destruindo-o.

Como, então, saber o que fazer agora?

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Ato falho

Eu ainda teclo seu telefone sem querer quando, distraído, telefono para alguém em busca de conforto e bons humores.

E escuto sua voz quando deixo minha mente inventar imaginações boas.