segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Dói pra caramba, mesmo que já esteja curado
Eu nunca mais tinha ouvido sua voz. Sentido seu cheiro. Olhado nos seus olhos. Desde aquele dia. O beijo na minha testa e você fechou a porta. Carreguei minhas coisas para o carro em um riacho de lágrimas. Eu exagero, não precisava tanto. Hoje, depois de um final de semana de risadas e conversas com amigos, decidi começar a segunda-feira fazendo o que tinha que ser feito. A chave do apartamento e o controle-remoto da garagem ainda estavam comigo. Eu ainda não havia te dado o dinheiro da multa por excesso de velocidade que levei dirigindo o seu carro. Pendências. Você estava ali, sentada de costas para a porta da empresa, fone de ouvido, concentrada no computador. Bati na porta. Você chegou a esboçar um sorriso? Um espanto? Achou em algum momento que eu te procuraria para tentar arrumar as coisas entre a gente? Não consigo fazer isso. Mas dói separar. Dói te ver de novo e sentir saudade de tudo. De como nossa voz ficava mais meiga um com o outro do que com o resto do mundo. Nossas risadas. Eu escuto sua risada o tempo todo. Difícil. Eu não conseguiria voltar. Não conseguiria mais te amar da mesma forma. Você resolveu as coisas me colocando para fora de casa. Aqui está, vim trazer a chave e o controle. Toma, o dinheiro. Sim, aceite, por favor, eu estava te devendo... Não conto mais como foi meu dia para ninguém, quando chego em casa. Não quero saber como foi o dia de ninguém, também. Eu já estou curado, não estou? Estou no trabalho, estou estudando. Estou fazendo minhas coisas, reencontrando pessoas, indo a happy-hours. Saí da sua empresa querendo sentar na calçada e chorar. Tomaríamos um café, não tomaríamos? Qualquer coisa boba dos últimos dias, curiosidades, fofocas, você me contaria. Coisas sem importância: coisas fundamentais. Não importa pensar porque é que funcionou ou não, o que falhou ou não falhou. Essas meditações ficam para o próximo relacionamento. Meu. Seu. A vida segue. Vez ou outra a estrada fica horrível. Uma transição difícil, um trecho difícil de cruzar. Mas fico feliz de pensar que, no geral, a viagem é feita de ótimas paisagens que deixam saudades profundas, prova de que valeu a pena. Um beijo, tudo de bom pra você, de coração...
sábado, 12 de janeiro de 2013
Manhã chuvosa de sábado
Nem abri as janelas do quarto de tudo, já tomei duas canecas de café com leite, a segunda com toddy junto; não sei pra que sair dos pijamas num dia como hoje; tem uma almofada na minha cadeira e fico tentando um jeito de deixar as pernas esticadas, mas não há lá um bom lugar pra apoiar; aí sempre volto ao plano de deixar as gavetas da escrivaninha abertas para apoiá-las, mesmo não sendo lá a última palavra em conforto para vagabundos.
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