terça-feira, 1 de maio de 2012

Ressaca moral

Vou ficar aqui com essa corrosão. Não no fígado, mas nos pensamentos. Posso até imaginar o que se passou na cabeça dela: Minha amiga perguntou para ele se havia interesse em mim. Ele disse que havia. Homens. Sugeri sairmos no sábado e, acredite se quiser, sábado a tarde ele me manda uma mensagem dizendo que está bêbado e não poderá sair! Como assim? Vai passar o dia bêbado, é isso? Eu não quero sair com um homem que não consegue manter um compromisso porque fica largado ao álcool num descontrole de comemoração. É o aniversário dele, eu sei. Foi por isso, aliás, que o conheci. Ele apareceu no escritório, onde trabalho com um amigo dele, para dividir bolo e doces de aniversário. Falante, sorridente. Olhos claros, moreno. Fiquei interessada. Mas bêbado? Não, bêbado não funciona, não vai. E eu quero alguém para namorar. Não quero alguém para ficar saindo apenas nos breves lapsos de sobriedade. Não vai funcionar assim. Já tomei as providências. Está bloqueado no meu Facebook. Não respondo mais mensagens dele no celular. Esta última providência, vale dizer, achei que nem seria necessária. A ressaca o segurou por mais dois dias sem se manifestar! Só ontem recebi uma mensagem dele, perguntando se a página do Face estava mesmo bloqueada. Criança. Não entendeu o recado ainda? Quer que a tia desenhe? Estou procurando alguém sério. Quero namorar. Não quero um homem para me levar para a baladinha, tomar umas - ou todas, no caso -, e depois sumir. Quero um homem para conversar sobre meus pacientes, sobre minha família, para ouvir as histórias dele, para acharmos uma casa, para ficarmos juntos em dias de chuva, para nos telefonarmos. Quero uma companhia. E me aparece um bêbado. Sabia, eu sabia mesmo que havia algo de errado. Alto, olhos claros, solteiro, nerd, juraram que não era gay. E eu fui muito inocente. Bêbado. Só podia ser bêbado!

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