No começo eu achava graça. Criar um personagem fictício, um pseudônimo, pra poder escrever sem medo de ser feliz. Qualquer coisa que viesse à cabeça. Sem ter que ser bonitinho, correto, audaz, contundente ou engraçado. Na internet coloca-se qualquer coisa, e ninguém me pagaria por isso. Então tava valendo tudo, tudo!
Mas comecei a perder o controle. De início, ficou estranha a fronteira entre pseudônimo e heterônimo, o que deu um certo trabalho. Daí o heterônimo ganhou vida, começou a ficar meio independente e a fazer coisas por si mesmo.
Até aí tudo bem, acontece, vá lá...
Mas de indiferença passou a desobediência explícita, a competitividades.
O heterônimo que criei passou a ser mais sociável que eu. Pega mais mulher que eu. Escreve melhor que eu. Come melhor, é mais sadio e mais sarado, até sorri mais bonito.
Tô ficando velho.
Ele, tem a idade que quiser!
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
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