Elas foram o símbolo
de uma geração. E será que foram exatamente isso e mais nada?
Refiro-me às guitarras. Li que suas vendas estão em declínio
acentuado e que não apenas lojas mas as maiores fabricantes mundiais
estão em dificuldades. Inclua aí a famosa Fender.
Talvez a maior ironia
dessa transição seja que um dos emblemas da geração que está
matando as guitarras seja um jogo chamado justamente “Guitar Hero”.
Ao menos em minha família cometi tanto bullying com meu priminho
quando ele se viciava no jogo que ele acabou indo atrás de um violão
de verdade e de uma guitarra. Mas não pode ser apenas influência
minha. Ele é mesmo mão na massa, um tipo cada vez mais raro na
humanidade. Recentemen ele construiu um amplificador ele mesmo para
usar com suas guitarras. Sim, comprou os componentes eletrônico,
válvulas, placas, soldou tudo como se esperaria ver em uma garagem
dos anos setenta ou ointenta.
Tenho a impressão de
que as pessoas estão cada vez mais mergulhadas em virtualidades e
desconectadas da profundidade do mundo. Os relacionamentos via Tinder
e afins não permitem enxergar profundamente a outra
pessoa.Combina-se um encontro em busca de alguns beijos ou sexo e ao
primeiro sinal de prolema bloqueia-se a pessoa. Nada de entender os
sentimentos do outro, anseios, cultivar a empatia. Volta-se à estant
para procurar a próxima oferta. Nos discursos políticos temos uma
avalanche de mentiras superficiais para corroborar nossas próprias
visões, então por que perder tempo tentando raciocinar sobre os
argumentos dos opositores? Toma aqui esse link e esse meme que dizem
que estou certo, e pronto
Assim também,
acredito, morreu o esforço de aprender a tocar um instrumento.
Guitar hero já é distração suficiente para quem quer sentir-se um
grande astro. E pode-se, já no primeiro dia, encarnar grandes hits.
É a urgência dessa nova geração. Não há tempo para o passo a
passo inicial. Acordes, posições. Não. Quer-se já o produto
acabado. A música na ponta dos dedos. A opinião pronta em um link.
O raciocínio terceirizado em um app.
A humanidade está
desistindo de se relacionar como mundo real, por pura preguiça, e sem entender nem mesmo que, no
processo, deixará de se relacionar consigo mesma.