quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Entre luzes e sombras

Sei que a internet não é lá o lugar pra escancarar detalhes pessoais, mas desde que os nomes não sejam revelados, não há problema, não é mesmo? E tem outra coisa: tem certas coisas que, de um jeito ou de outro, não são assunto particular, dado que acontece com tanta gente por aí! Claro que você já deve imaginar qual é o assunto... No meio de aquecimento global, epidemia de dengue, recessão nos EUA e greve dos motoboys, sou perturbado a falar dessas coisas que reverberam pra dentro mesmo quando está tudo quieto, a TV desligada, a conta bancária em ordem e tudo em paz. Amor.

Conheceram-se na faculdade. Apaixonaram-se. E eis que um dia, como anunciam os poetas, o amor acabou. Ela podia estar traumatizada, mas estava lá com sua outra história pra distrair-lhe os dias. E ele? O maior trauma que já experimentou. Fraqueza? Frescura? Tristeza? Amar é isso? Precisa se sujeitar a tanto? Mas os dias não se contentaram em diluir tudo a partir daí e deixar por isso mesmo. Anos mais tarde, sim, estão juntos novamente. Não, também não foi dessa vez. Terminaram. Ele terminou. Ufa! Já era tempo de seguir em frente... De seguir para... Não não, anos depois, estão juntos novamente.

Conheço os dois. Ela é uma mulher bonita, simpática, esperta e sociável. Não sou dado a exaltar a beleza masculina mas creio que ele não seja de se jogar fora também. Olhos verdes e tal. Falei com eles... Ela está namorando, mas está cada vez mais envolvida com ele. Ele está mais confuso do que nunca. Diz que era do tipo que fazia surpresa com flores e escrevia cartas e passava tempo junto. Hoje diz que não quer mais sofrer. Não como já sofreu... Conhece outras pessoas aqui e ali, e tal... Mas e ela, pergunto a ele... É uma companhia super agradável, minha amiga, e tenho vontade de estar sempre junto com ela. Mas e ele, pergunto a ela... Eu só queria que a gente não tivesse terminado da primeira vez, teria sido tudo tão mais fácil, é o que ela diz.

O que eu faço com essa gente? Às vezes eu dou conselhos demais, porque falo falo e falo sem parar. Mas quando o assunto é sério não é qualquer besteira que se fala... O que eu digo? Digo a ele que ele é um covarde que não superou um trauma e vai perder o amor da vida dele, ou digo que ele já sabe que ela é capaz de ferí-lo e não vai hesitar em fazê-lo de novo se as condições lhe forem favoráveis? E a ela devo encorajar a deixar de lado o relacionamento atual se ela realmente ainda ama esse mero amigo, ou no fundo preservar as coisas já construídas é mais recomendável e um dia o amor aparece?

Fico em crise diante dessa história por duas razões. Por não saber o que dizer a pessoas próximas, mas também por uma questão conceitual, meio filosófica, ampla: até onde somos capazes de perdoar? Até onde o passado de duas pessoas pode ser realmente sobrepujado por disposições atuais? Esses dois têm um puta desejo de serem felizes um com o outro, mas transformaram o passado numa nuvem negra que causa hesitação em quem quer que seja...

Talvez eu deva só não dar conselho nenhum... Eu ainda nem consegui decidir, em três meses, em qual das paredes da sala o sofá fica melhor...

11 comentários:

Davi Arloy disse...

Nossa! Muito bem escrito cara!Bem humorado e consistente. Bom de ler.
Bom, o meu conselho pra vc é que não tenho conselho nenhum.Sou péssimo pra essas coisas. rs

Gostei do blog.

Abs

http://calcajeansehavaianas.blogspot.com/

Anônimo disse...

A eu sinceramente sou muito orgulhosa e o passado, presente, detalhes tudo, mais tudo mesmo me torna mais orgulhosa, porém cada um é cada um e eu já sofri muito por ser assim.

Adorei seu texto.

Bjs

Rebecca Albino disse...

Relacionamentos são complicados, e quando você está vendo de fora querendo dar um conselho e não sabe o que falar, é ainda pior. Eu evito pois não me considero especialista nisso e sempre acho que a vida dá uma volta tão grande! Quantas vezes a gente não aposta firme numa coisa e quando vê é outra? A melhor cura é o tempo e tentar, mesmo que seja duro, deixar o passado para trás e ir vivendo! Você escreve muito bem! Visitarei seu blog mais vezes. Abraço! ;)

MariH disse...

Amei o blog e o texto

Camila Passatuto disse...

Esclarecendo dúvidas:

Senta ai meu amigo q eu te explico.

Sobre o meu texto: digamos que ele seja pessoal. Esse texto tem uma mistura de: nostalgia, faço uma critica, bem nas entrelinhas, sobre o homossexualismo e qdo cito "Minha profissão envergonha meus filhos" (faço publicidade, então como no texto eu já estou bem mais velha, digamos q a profissão seja a Publicidade, os pilares do capitalismo).

Ai depois vem fatos mto reias: "Eu e meu amor deitamos no meio da rua"

bommm deixa eu já finalizar: tudo leva a personagem à loucura (uma loucura consciente)...

Bom, mas como existe várias maneiras de ver o mesmo quadro: deixe sua mente fluir, pq talvez até a minha interpretação esteja errada.


Obrigada pela visita.

Everaldo Ygor disse...

Olá...
Uma ótima crônica para os dias...
Reflexões, indagações, escrever faz bem para a alma...
Abraços
Everaldo Ygor
http://outrasandancas.blogspot.com/

Bianca Feijó disse...

O fato é que cada ser julga da sua forma, ecada um sabe o que faz, cabeças diferentes,pois jamais saberas de fato o que passa na mente de cada um...
Ultimamente tenho ouvido muito a tal frase:
O tempo, esse cura tudo, e não há ninguém melhor do que ele...
Sei que parece um clichê,mas ele é quem sabe o que faz...

Beijos!

BLOGDOED disse...

ih, bicho, se a gente for encanar com o passado a gente tá fudido.

Quem não tem um passado que o condene?

Em relação à conselho... desaconselho!

abração!

Marcelo Leite disse...

a vida é assim, nem sempre é
luz, mas se tentarmos, podemos escapadar das sombras.
lindo blog

MariH disse...

Retornando aqui pqe amei seu blog
*-*

Bianca Feijó disse...

...estive por aqui de novo...

Beijos!