O horário de almoço é necessário. Sim, os seres humanos precisam de alimento com uma freqüência considerável, e é próprio de nossa cultura ter o chamado "horário de almoço" compondo as rotinas diárias. Mas vai além. Alimenta-se também a alma. Estão ali todos os ingredientes: reune-se um grande número de pessoas que não necessariamente trabalham nas mesmas atividades. Tem-se um favorecimento à discontração.
Logo as pessoas começam a falar qualquer besteira e a rir. Há coisa melhor que isso? Um monte de gente junta, falando besteira e rindo? Tá, admito. Se fosse por pessoas como eu, talvez a humanidade não tivesse evoluído. Ainda estaríamos todos nas savanas. Mas juntos e rindo. Pior é que não me parece mal negócio...
segunda-feira, 30 de maio de 2011
domingo, 29 de maio de 2011
Manhã de domingo
A manhã de domingo é qualquer coisa lá fora.
Aqui dentro tudo se alterna entre uma segunda que acorda e uma sexta que hiberta.
O que é que há de tão hiptnótico sobre o futuro, afinal? Mania besta de nos distrair do presente.
Somos assim em tudo: pelo imaginário somos capaz de esquecer o real.
Aqui dentro tudo se alterna entre uma segunda que acorda e uma sexta que hiberta.
O que é que há de tão hiptnótico sobre o futuro, afinal? Mania besta de nos distrair do presente.
Somos assim em tudo: pelo imaginário somos capaz de esquecer o real.
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Considerações jogadas
sábado, 28 de maio de 2011
Política
Leio um colunista declaradamente direitista extremo, mas ele em geral tem um texto bom e faz boas observações. Parece, acima de tudo, sóbrio. Mas de repente de excede. O mesmo com aquele esquerdista que era tão prazeroso de ler. O que acontece? A resposta vem sugerida nessas linhas de um saudoso historiador:
"uma amiga conta a outra sobre o homem que conheceu, e imediatamente é questionada: 'ele é alto ou baixo?' As chances são altíssimas a favor de que ele não seja nem baixo nem alto. Na média, ele terá uma altura mediana. Mas nos interessa mais esse contraste dos extremos. Nossa mente tem essa teimosa tendência de pender as classificações para os extremos."
É por isso que um belo dia um comentarista muito ponderado vai olhar um novo fato político e vai declarar que é interesse financeiro da classe elevada, ou que é manobra dos petralhas esquerdistas, ou que é manutenção do status de dominância de sei lá quem. Quando a realidade costuma ser muito menos cinematográfica que essas conspirações faraônicas. Na média, a realidade é medíocre.
"uma amiga conta a outra sobre o homem que conheceu, e imediatamente é questionada: 'ele é alto ou baixo?' As chances são altíssimas a favor de que ele não seja nem baixo nem alto. Na média, ele terá uma altura mediana. Mas nos interessa mais esse contraste dos extremos. Nossa mente tem essa teimosa tendência de pender as classificações para os extremos."
É por isso que um belo dia um comentarista muito ponderado vai olhar um novo fato político e vai declarar que é interesse financeiro da classe elevada, ou que é manobra dos petralhas esquerdistas, ou que é manutenção do status de dominância de sei lá quem. Quando a realidade costuma ser muito menos cinematográfica que essas conspirações faraônicas. Na média, a realidade é medíocre.
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Considerações jogadas
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Importantíssimo
E eu aqui, olha só que coisa, querendo encontrar algo de interessante para centrar minhas atenções e consumir meus tempos. Que bobeira, que bobeira! Ser interessante não é uma propriedade das coisas; é um julgamento nosso. Cabe a nós, no fundo de nossa solidão bem ou mal resolvida, tornar algo interessante ou não. É nossa arte no mundo. Facilita muito a busca saber que procurar lá fora não resolve, não é?
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Meditação
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Num velho diário de dez anos atrás
A Suzi está deitada num travesseiro lá embaixo, perto da minha cama. Estava até agora pouco acompanhando minha concentração no livro "Na Prática a Teoria é Outra", do Joelmir Beting, e agora está um pouco revoltada porque eu a abandonei sozinha lá embaixo e vim aqui escrever. mas ela está cansada demais para subir as escadas e vir ver o que eu estou fazendo. Além do mais, ela está entretida com o som de Dvorák. Tem bom gosto a Suzi...
Estive nestes dias perdido em vários pensamentos sobre meu relacionamento com as pessoas, minhas expectativas com o mundo, minhas exigências e, talvez principalmente, minhas concessões... E a Suzi lá, quietinha, ouvindo Dvorák e esperando que eu apareça para fazer companhia. Talvez seja ela quem me deixa mal acostumado. Fico esperando conhecer alguma pessoa de quem possa ter o mesmo tipo de admiração que a Suzi tem por mim, e a quem possa ser tão inofensivo o meu desprender de uma dedicação e atenção desmedidas. Gosto da Suzi.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Barriga
Moravam juntos. Ambos tinham seus filhos já de vida feita. Dividiriam a vida felizes. Ela engravidou.
- Foi de propósito!
- Não, não foi! Acho que meu anti-depressivo interferiu no anti-concepcional...
Brigaram. Ele a colocou para fora de casa. "Pago a pensão, faço tudo direito. Até crio a criança se ela quiser, só não quero que ela encha mais o saco!"
Perpetua-se a humanidade.
- Foi de propósito!
- Não, não foi! Acho que meu anti-depressivo interferiu no anti-concepcional...
Brigaram. Ele a colocou para fora de casa. "Pago a pensão, faço tudo direito. Até crio a criança se ela quiser, só não quero que ela encha mais o saco!"
Perpetua-se a humanidade.
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No dos outros...
sábado, 21 de maio de 2011
Conflitos
Alguém disse sei lá por quais quandos e ondes, que somos mais propensos a ajudar aqueles que não precisam de nossa ajuda. Essa verdade fere nosso ego, desperta mesmo uma certa ira lá no introvertido como não podia deixar de ser: assim faz a maioria das verdades, afinal! Li também noutros cantos, sobre os vendáveis segredos óbvios da escrita:
"a simples descrição de um personagem não gera interesse, apenas auxilia na criação de uma imagem pessoal. O que realmente desperta interesse ao leitor é o conflito, pois é o conflito que revela a verdadeira natureza de cada personagem. Como cada um reage ao conflito, é isso o que o define!"
Há uma mesma verdade unindo estas duas observações. Ou, alternativamente, essas duas verdades concorrem para definir as verdades em torno de um conflito, num relacionamento. Quando uma pessoa faz da fraqueza sua estratégia de desarmamento num conflito é natural que, ao longo do tempo, desperte no outro nada além da repulsa. Não, não soa bonito, mas é verdade: saber brigar, saber xingar, saber ofender... Essas coisas devem encontrar sua dose na composição da personalidade.
"a simples descrição de um personagem não gera interesse, apenas auxilia na criação de uma imagem pessoal. O que realmente desperta interesse ao leitor é o conflito, pois é o conflito que revela a verdadeira natureza de cada personagem. Como cada um reage ao conflito, é isso o que o define!"
Há uma mesma verdade unindo estas duas observações. Ou, alternativamente, essas duas verdades concorrem para definir as verdades em torno de um conflito, num relacionamento. Quando uma pessoa faz da fraqueza sua estratégia de desarmamento num conflito é natural que, ao longo do tempo, desperte no outro nada além da repulsa. Não, não soa bonito, mas é verdade: saber brigar, saber xingar, saber ofender... Essas coisas devem encontrar sua dose na composição da personalidade.
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sexta-feira, 20 de maio de 2011
O livro...
Tão discutindo aí essa coisa de falar certo ou errado...
O novu livro de português vai aqui, numa amostra:> Amostra do Capítulo 1 do livro "Por uma vida melhor".
Eu só num intendo o seguinte... comu é que tantu letrado manjando tantu consegue discutir tantu e opinar tantu sem se dar primeiro ao trabalho de ler o livro! Ficam discutindu nu abstrato, sem ver do que si trata...
O novu livro de português vai aqui, numa amostra:> Amostra do Capítulo 1 do livro "Por uma vida melhor".
Eu só num intendo o seguinte... comu é que tantu letrado manjando tantu consegue discutir tantu e opinar tantu sem se dar primeiro ao trabalho de ler o livro! Ficam discutindu nu abstrato, sem ver do que si trata...
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Indignações profissionais
Na mesa ao lado está o Zé, técnico em eletrônica, a desabafar:
- Já levei meu carro várias vezes lá, troquei tudo, agora vai passar na inspeção... Os índices de emissão na marcha lenta tavam altos, troquei tudo tudo tudo. Carro véio é uma bosta. Mas pior que carro véio, mesmo, é mulher velha. A minha agora deu pra reclamar que gastei demais com o carro e que deveria ter procurado um lugar mais barato. Eu devia ter é arrumado uma mulher que reclamasse menos e ajudasse mais!
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segunda-feira, 16 de maio de 2011
Travesseiro
Ele acorda no meio da noite revirado da asia. Estômago lhe apertando o ventre sobre si mesmo. Anda até a cozinha chutando pedaços duros da escuridão. Escada, cadeira, mesa, pia, armário, um copo... Um copo com água. Mistura com aspirina, com segredos, com confissões e com imaginações. Toma tudo de uma vez. Um gole só. Ele volta pra cama. Dorme visões de vidas sem conflitos. E no sonho ele caminha por uma rua larga. Calçada cheia de gente. Pequena multidão. No meio da multidão, dá de frente consigo mesmo, um clone de si vindo na direção oposta. Olham-se nos olhos. Desviam-se. Seguem em direções opostas. E nunca saem dali.
terça-feira, 3 de maio de 2011
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