sábado, 25 de junho de 2011
O plano
Não, o plano não era o de criar um segredo assim tão intrincado e delicado. O plano consistia em mudar a própria realidade, fazer com que uma mentira se tornasse uma verdade. Quis viver em um outro mundo. Falhou. Só tem esse. Minha mentira é, ainda hoje oito anos depois, uma mentira. A verdade ainda é algo com a qual não sei viver em paz.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Heterônimo no divã
Às vezes é extremamente difícil estabelecer contato com alguém.
Especialmente quando você, pripriamente dito, não existe.
Especialmente quando você, pripriamente dito, não existe.
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oasdkffawjroi23oi
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Saudades diferentes
Estava lendo aí um blog próximo e tive como surpresa a visão do grau de saudade desmedida que a pessoa sentia de si mesma. Vai um pequeno trecho, com o perdão de qualquer indiscrição:
"Estou mais calada e pensativa do que de costume. Só consigo ficar ouvindo música, lendo... o silêncio e o não fazer nada me incomodam. Tenho sono quando eles acontecem..."
Mais calada do que de costume. Calada para si? Calada para os outros? Ambos?
Certas respostas nos faltam e por vezes vira uma falta de ar danada essa procura por respostas. O sentido de nossas ações, acerto de nossas escolhsa, importância para o mundo...
Há, penso, alguma sabedoria por trás dessas doutrinas que insistem numa espécie de desligar. Quando a pergunta é perturbadora demais e mostra-se um beco sem saída pode ser prudente pertuntar-se também se o primeiro questionamento é válido. Podemos mudar nossos humores, e efetivamente o fazemos o tempo todo sem nos darmos conta.
Alguns criticam uma visão excessivamente materialista do mundo por ser fria e calculista demais... Um universo sem criador, sem objetivo, uma existência sem razão. Para mim não há nada mais libertador e romântico. Sabendo que o sentido e a liberdade está em nós mesmos a felicidade mostra-se por fim mas próxima, não mais distante e impossível.
Dia desses eu me desesperei. Precisava loucamente viajar. Ásia europa ou eua, tanto faz. Fozzo pronde fosse, eu precisava viajar. Sair daqui pra longe deixando para trás minha vida toda, minhas angústias todas, meus anseios todos.
A caminhada foi muitíssimo mais modesta, no fim das contas. Caminhei lá pelo parque Tuiuti, Tatuapé. Não teve aeromoça, não paguei Albergue. Mas no desenrolar da tarde observei esse curioso fenômeno. Onde quer que eu fosse, lá dentro do parque, buscar meu sossego, eu ia junto. Entende? Eu e meus desassossegos: indissociáveis. Percebi que se eu fosse para o Himalaia invariavelmente levaria também esse mundo de questões pesadas comigo e só havia uma saída: livrar-me delas aqui mesmo. Feito isso, não precisava mais viajar. A paz estava de repente em todo lugar!
sábado, 18 de junho de 2011
Dia-a-dia
Emputeci assim que li a mensagem. Birra, criancice. "Ainda bem que perguntei. Ninguém vai ter tempo pra aparecer, nem meu namorado". Birra. Ligue e diga que quer que eu apareça. Tente entender porque eu disse que não iria. Fiquei furioso. Não com a tristeza ou com a carência dela, mas com a atitude. Minha fúria seria uma face trepidante de minha falta de amor? Não importava. As coisas não se misturavam. Estava emputecido e pronto. Liguei. Caixa-postal. Liguei de novo. Outra vez. Várias. Desligado. Maldita. Fui até lá. Ao abrir a porta e ver uma fúria em meus olhos que não sei medir aqui, chorou, tremeu. Arrependimento. E eu, quem disse que eu sabia lidar com isso? Não sei se estou cultivando uma fraqueza ou se estou ajudando a superá-la. Quando é que vou saber? Como é que vou saber?
terça-feira, 14 de junho de 2011
Amorologia comparada
Curiosas certas reportagens que estão hoje no G1. Enquanto algumas pessoas apelam para que Santo Antônio lhes arrume um novo amor, há também a notícia de uma jovem que estava procurando algum matador de aluguel a quem pudesse pagar para se livrar do amante. Isso tudo deve dizer algo sobre o amor. Algo a que imploramos com sede divina quando nos falta e que apelamos aos despudores dos infernos quando sobra... Isso deve querer algo. Sobre o amor e sobre nós. Somos hipócritas, para dizer o mínimo. E deus é um descuiodado, por atender vez ou outra a pedidos tão perigosos.
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A vida alheia,
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domingo, 12 de junho de 2011
Mares afins
Eu não fui sincero e pagarei por isso o resto da vida. Você poderia ter sabido e aí tomaria sua decisão, esclareceríamos tudo e pronto, caso encerrado. Tive medo de te perder e, ao me esconder, te perdi de mim. Malditas simetrias da vida. Foi culpa do Oceano todo, se enfiando onde não devia? Não... lá longe você estava mais perto; a saudade era mais forte. Aqui, vizinhos de novo, sou mais repulsivo até. sou menos. Sou o mesmo e só. Segue tua vida. Com sorte, ainda te esqueço.
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Janaína, querida
Be miserable. Or motivate yourself. Whatever has to be done, it's always
your choice.
Wayne Dyer
Por que é que eu me importo com você? Você cai no choro, eu mergulho na preocupação. Não deveria ser assim, não é? Preciso de uma certa medida de egoísmo que no momento me falta. Me falta mas ainda vou atrás dela. Eu preciso aprender a te mandar pro inferno. De repente você nem vai pra lá, mas subentende-se que ficará autorizada a ir onde quiser, estamos conversados? Eu não posso ser o combustível de seu sorriso. Há algo mais mágico que se pode fazer num relacionamento, que é quando os dois sorriem se abastecendo ao invés de se consumirem. Preciso deixar que em suas lágrimas você consuma a sua paz, não a minha. Só assim talvez você se incomode o suficiente a ponto de pensar em mudar. Pode não acontecer, mas a escolha é sua e eu não posso fazer mais nada a respeito.
your choice.
Wayne Dyer
Por que é que eu me importo com você? Você cai no choro, eu mergulho na preocupação. Não deveria ser assim, não é? Preciso de uma certa medida de egoísmo que no momento me falta. Me falta mas ainda vou atrás dela. Eu preciso aprender a te mandar pro inferno. De repente você nem vai pra lá, mas subentende-se que ficará autorizada a ir onde quiser, estamos conversados? Eu não posso ser o combustível de seu sorriso. Há algo mais mágico que se pode fazer num relacionamento, que é quando os dois sorriem se abastecendo ao invés de se consumirem. Preciso deixar que em suas lágrimas você consuma a sua paz, não a minha. Só assim talvez você se incomode o suficiente a ponto de pensar em mudar. Pode não acontecer, mas a escolha é sua e eu não posso fazer mais nada a respeito.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Continuum
Não sofro hoje: ecoam sofrimentos do passado.
O futuro não esconde riscos: decido agora onde me enfiar ou não.
Essas ligações todas no tempo, respeitemos, respeitemos!
Que dificuldade patética é essa de ver que os dias se ligam com cabos de aço e se arrastam velozes com a inércia do universo inteiro?
Não confunda com fatalismos, é o contrário disso. Quero que entenda não a irreversibilidade de certas coisas; apenas veja o descompasso dos sofrimentos e espectativas.
Colocamos no presente sofrimentos que melhor viveriam somo receios bem pensados lá no distante passado. Antecipamos no aqui e agora do encher e esvaziar de nossos pulmões alegrias desmedidas que melhor poderiam ficar para depois, sobre alicerces mais firmes. Deveríamos evitar essas distrações e nos concentrarmos no próprio alicerce.
No fundo, somos todos hipócritas esplendorosos. Reclamamos e sofremos infantilmente por um suposto caos incontrolável da vida: doído mesmo é que a vida é determinista demais, não é mesmo? Nossos erros não somem no vento, nossas distrações não tropeçam em sucessos, nossos amores não evaporam em esquecimentos.
Quando eu me acovardar e aceitar algum religiosismo, ao menos saberei que já fomos todos julgados e, acorrentados em nosso livre arbítrio, estamos todos condenados a sermos nós mesmos eternidade afora.
O futuro não esconde riscos: decido agora onde me enfiar ou não.
Essas ligações todas no tempo, respeitemos, respeitemos!
Que dificuldade patética é essa de ver que os dias se ligam com cabos de aço e se arrastam velozes com a inércia do universo inteiro?
Não confunda com fatalismos, é o contrário disso. Quero que entenda não a irreversibilidade de certas coisas; apenas veja o descompasso dos sofrimentos e espectativas.
Colocamos no presente sofrimentos que melhor viveriam somo receios bem pensados lá no distante passado. Antecipamos no aqui e agora do encher e esvaziar de nossos pulmões alegrias desmedidas que melhor poderiam ficar para depois, sobre alicerces mais firmes. Deveríamos evitar essas distrações e nos concentrarmos no próprio alicerce.
No fundo, somos todos hipócritas esplendorosos. Reclamamos e sofremos infantilmente por um suposto caos incontrolável da vida: doído mesmo é que a vida é determinista demais, não é mesmo? Nossos erros não somem no vento, nossas distrações não tropeçam em sucessos, nossos amores não evaporam em esquecimentos.
Quando eu me acovardar e aceitar algum religiosismo, ao menos saberei que já fomos todos julgados e, acorrentados em nosso livre arbítrio, estamos todos condenados a sermos nós mesmos eternidade afora.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Vou me mudar
Eu quero sair desta casa. Quero sair desta vida. Quero sair do meu emprego. Quero sair do meu namoro. Porque nessas coisas todas há sempre algo que não sou eu. Leio um livro manso sobre o cobertor no meu quarto. Familiares debatem contra a paz dominical os problemas de São Paulo, das ruas. Ótimo, estão debatendo, é saudável! Quero ser errado aqui, serei: saudável uma pinóia. As opiniões são rasas, preconceituosas e desinformadas. E não bastasse toda essa falta de subsídio mental note-se que a prática também é sofrida. São debates mal dialogados. Pergunta-se uma coisa de um lado, questiona-se outra do outro. Toma-se a consideração por ofensa e tudo foi destruído. Existir é tão difícil.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Eu bem que queria
Aconteceu hoje de um acaso trazer desses convites que a gente não quer recusar de jeito nenhum. Uma vaga para morar com ela. Não, não minha namorada, nem minha amante. Uma pessoa que admiro muito e por quem tenho estima. Mas são tantos os impedimentos momentâneos... o custo é maior que meu custo atual de morar aqui sem companhias notáveis. E eu tenho uma namorada, que não veria com bons olhos essa movimentação estranha. A vida tem uns entraves, não é mesmo?
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