Não sofro hoje: ecoam sofrimentos do passado.
O futuro não esconde riscos: decido agora onde me enfiar ou não.
Essas ligações todas no tempo, respeitemos, respeitemos!
Que dificuldade patética é essa de ver que os dias se ligam com cabos de aço e se arrastam velozes com a inércia do universo inteiro?
Não confunda com fatalismos, é o contrário disso. Quero que entenda não a irreversibilidade de certas coisas; apenas veja o descompasso dos sofrimentos e espectativas.
Colocamos no presente sofrimentos que melhor viveriam somo receios bem pensados lá no distante passado. Antecipamos no aqui e agora do encher e esvaziar de nossos pulmões alegrias desmedidas que melhor poderiam ficar para depois, sobre alicerces mais firmes. Deveríamos evitar essas distrações e nos concentrarmos no próprio alicerce.
No fundo, somos todos hipócritas esplendorosos. Reclamamos e sofremos infantilmente por um suposto caos incontrolável da vida: doído mesmo é que a vida é determinista demais, não é mesmo? Nossos erros não somem no vento, nossas distrações não tropeçam em sucessos, nossos amores não evaporam em esquecimentos.
Quando eu me acovardar e aceitar algum religiosismo, ao menos saberei que já fomos todos julgados e, acorrentados em nosso livre arbítrio, estamos todos condenados a sermos nós mesmos eternidade afora.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
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