segunda-feira, 20 de junho de 2011

Saudades diferentes


Estava lendo aí um blog próximo e tive como surpresa a visão do grau de saudade desmedida que a pessoa sentia de si mesma. Vai um pequeno trecho, com o perdão de qualquer indiscrição:

"Estou mais calada e pensativa do que de costume. Só consigo ficar ouvindo música, lendo... o silêncio e o não fazer nada me incomodam. Tenho sono quando eles acontecem..."

Mais calada do que de costume. Calada para si? Calada para os outros? Ambos?

Certas respostas nos faltam e por vezes vira uma falta de ar danada essa procura por respostas. O sentido de nossas ações, acerto de nossas escolhsa, importância para o mundo...

Há, penso, alguma sabedoria por trás dessas doutrinas que insistem numa espécie de desligar. Quando a pergunta é perturbadora demais e mostra-se um beco sem saída pode ser prudente pertuntar-se também se o primeiro questionamento é válido. Podemos mudar nossos humores, e efetivamente o fazemos o tempo todo sem nos darmos conta.

Alguns criticam uma visão excessivamente materialista do mundo por ser fria e calculista demais... Um universo sem criador, sem objetivo, uma existência sem razão. Para mim não há nada mais libertador e romântico. Sabendo que o sentido e a liberdade está em nós mesmos a felicidade mostra-se por fim mas próxima, não mais distante e impossível.

Dia desses eu me desesperei. Precisava loucamente viajar. Ásia europa ou eua, tanto faz. Fozzo pronde fosse, eu precisava viajar. Sair daqui pra longe deixando para trás minha vida toda, minhas angústias todas, meus anseios todos.

A caminhada foi muitíssimo mais modesta, no fim das contas. Caminhei lá pelo parque Tuiuti, Tatuapé. Não teve aeromoça, não paguei Albergue. Mas no desenrolar da tarde observei esse curioso fenômeno. Onde quer que eu fosse, lá dentro do parque, buscar meu sossego, eu ia junto. Entende? Eu e meus desassossegos: indissociáveis. Percebi que se eu fosse para o Himalaia invariavelmente levaria também esse mundo de questões pesadas comigo e só havia uma saída: livrar-me delas aqui mesmo. Feito isso, não precisava mais viajar. A paz estava de repente em todo lugar!

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