segunda-feira, 18 de julho de 2016

Diálogo comigo mesmo

-Por que você resolveu conversar consigo mesmo?
-Porque estava longe. Porque vejo que estou aceitando ficar longe de mim. Todos estão.
-Mas essa distância, na verdade, tem um quê de saudável!
-Saudável? Está maluco?
-Não é maluquice não. Lembra-se de quando seu professor de sociologia, já há catorze anos, disse que quando os indivíduos olhavam realmente par dentro deles tudo o que encontravam era um vazio?
-Ele estava se referindo à nossa necessidade de conexão com os outros e não literalmente à ideia de que ninguém tem nada dentro de si. Um diálogo comigo mesmo ainda pode ser rico desde que eu não me isole, efetivamente, do resto do mundo. Não é esse o objetivo. É mais o de explorar coerentemente os muitos "eus" que habitam em mim.
-Há uma certa arrogância nessa sua ideia.
-Nessa nossa ideia, você quis dizer.
-Minha não. Se você tem muitos eus assuma-os por completo. Não fique se reduzindo a um só novamente toda vez que isso lhe for vantajoso. Seja coerente. E tenha mais coragem.

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