sábado, 25 de março de 2017

Divã

- E o que você descobriu, pensando em tudo isso?
- Descobri que sou carente. Essa carência profunda. Abraço. Afeto. Carinho. Isso tudo tem uma energia profunda. É um combustível. Combustíveis podem explodir, incendiar, ou propelir à distância. Tento encontrar essa conversão motora. Não é simples. Só não consigo mesmo é me livrar do combustível em si. Transforma-se às vezes em ansiedade. Em um vácuo. Em um turbilhão neurótico. A distância é uam coisa estranha de se lidar. Transforma o tempo em incógnitas e hipóteses. Escrevo mais? Escrevo menos? Sou simplesmente natural e corro o risco de enjoar por escrever demais? Tenho o cuidado de escrever menos e corro o risco de ser uma pessoa fria e sistemática com algo que deveria ser tão natural e espontâneo? O que acha, doutora?
- Interessante. A consulta continua semana que vem, já deu o horário.

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