Há vários níveis de cegueira. O mais óbvio é a dos olhos. A que turva a percepção da luz que chega até o olho.
Há aí um paralelo direto com a leitura, com a discussão sobre analfabetismo. O nível mais básico de analfabetismo é aquele em que a pessoa não consegue sequer ler palavras individuais.
No caso da discussão sobre analfabetismo fica óbvio o que queremos dizer com "analfabetismo funcional". Ler as palavras não basta. É preciso compreender a frase. Compreender uma frase não basta. É preciso acompanhar a lógica argumentativa do parágrafo, do capítulo, do livro. É preciso conectar o que foi lido com um conhecimento de mundo mais amplo, exterior ao texto, de modo crítico e ponderado. E isso é raro.
Acontece que o mesmo se dá com a visão pura e simples. Há pessoas que enxergam apenas o que lhes chega aos olhos. E nada mais. Estão presas no tempo presente e na ilusão do momento. Não são capazes de compreender os relativismos do mundo ou enxergar os fluxos da história. Falo aqui de um número enorme de pessoas. Mas não se engane... Não estou me referindo apenas a acadêmicos contra não acadêmicos. Nem mesmo fazendo uma distinção entre místicos e não místicos. Ainda que você seja um cético com uma visão mecanicista do mundo, perceba que muitos místicos têm sim uma visão para além de suas cercanias imediatas. Se essa visão é uma descrição correta do mundo e da vida aí já são outros quinhentos. O importante, aqui, é a diferenciação entre quem coloca a percepção de seu momento em um contexto maior e quem não o faz.
sexta-feira, 23 de março de 2018
Cegueiras
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