"Eu preciso de qualquer manifestação de saudade, de qualquer manifestação de afeto..."
"Eu não estou disposta a mudar, nem por você e nem por ninguém no mundo..."
Eu não sei, até agora, se o que machuca mais foi o derradeiro fim, ou a descoberta dessa dureza glacial que preferia terminar uma história de amor a dizer "estou com saudades".
Dói. Não tenho outra coisa a dizer. Dói. Todo o resto é explicar a dor.
Todo dia desde então, em algum momento traiçoeiro, o peito aperta pesado. Escuto de novo sua voz como se uma loucura estivesse se instalando em mim. Sólida, presente, real: "Eu não estou disposta a mudar, nem por você e nem por ninguém no mundo..."
Todos os dias machuca de novo.
E foi ontem, só ontem, já meses depois, que me ocorreu a curiosidade: por que é que é justamente essa sua frase, sobre essa sua relutância em mudar, que ecoa todos os dias em minha mente? Deveria ser quando você disse "é melhor a gente parar por aqui então". Afinal foi ali que tudo se cortou, não foi? Ali é que a minha sentença foi dada. Mas esse momento não retorna a mim se não como uma lembrança buscada. Nunca me persegue. Estou em paz com essa lembrança.
Percebi que minha dor não é pelo fim. Não é pela nossa história. É pela sua desistência em amar. É pela sua escolha, deliberada, consciente e ativa, por dizer não ao amor. E, num sentido mais amplo, a mudanças em geral.
Quero crer, no fundo do meu coração, que foi um equívoco. Que foi uma agressão deliberada mais do que uma declaração consciente de si. Quero crer que, na hora certa, você irá mudar. Quero crer que ainda que eu não tenha sido a pessoa capaz de lhe inspirar as mudanças adequadas, alguém um dia irá, ou então você concluirá por si mesma pelos caminhos a seguir. E seguirá, dará seus passos.
Porque todos nós mudamos. Todos nós precisamos mudar. A declaração pela vontade de não mudar foi uma das coisas mais dolorosas que já presenciei na vida. E foi aí que compreendi que a dor que sinto não é uma dor por mim. Pela perda do nosso namoro, da parte que me cabia. É uma tristeza por você. Como se eu houvesse sido derrotado em minhas vontades de lhe inspirar um sentimento maior.
terça-feira, 20 de março de 2018
Ecos
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