E aí tinha o metrô que era mais limpo do que eu pensava mas fora dele a estação estava pichada, mijada, suja e zoada. E eu andei no táxi, com o motorista do BOPE, que fazia trampo de taxista pra levar um a mais. Todos têm sua índole, dizia. E uns acham uns meios não muito legais para completar o bolso, enquanto outros se viram com a consciência tranquila. Era o discurso dele. Discurso justo. Qual discurso é injusto? Eu não sei o que ele faz, o que ele fez, o que vai fazer. Sei que me deixou na porta do hotel. Combinado, conforme combinado. Fui pro quarto com a cabeça explodindo. Deixei o Flamengo pra lá. As praias e as avenidas. Deitei na cama e pensei que estava longe.
E aí era um outro país e tinham problemas, mas outros problemas. E eu fazia coisas também, mas outras coisas. Eu tinha um jornal pequeno, que tratava da venda de válvulas. E ninguém queria saber de válvulas. Exceto nos congressos de válvulas, onde iam engenheiros, industriais, homens de negócios, e todos falavam de expansão e planos e depois era tudo a mesma coisa. Aí comecei a animar meu jornal. Aí comecei a escrever feliz e contente as notícias mesmo nos artigos técnicos. Deixava que escrevessem piadas, os textos riam pra falar de coisa séria. E em pouco tempo tinha mais gente lend, gente que nem mexer com válvulas mexia. Que coisa, que coisa... E aí tinha gente comprando válvula que nem precisava, inventavam um uso. Faziam a água dar alguma volta, fosse o caso dela ir reto demais. E ali metiam a tal da válvula. Tudo pra justificar ler a revista simpática. E o país virou a capital mundial da tecnologia de válvulas. Tudo graças a essas tecnologias que a Tecnologia não entende.
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