"Você chegou ao seu destino."
Toda vez que o GPS fala comigo desse jeito eu fico preocupado.
"Então era esse o meu destino? Essa padaria sem graça? A casa do Thiago? Essa agência do Banco do Brasil?"
É uma piada que outros fazem também. Um amigo diz que jamais procura por um cemitério no GPS. Chega aos velórios pedindo informação à moda antiga ou colocando referências próximas. "Já pensou? Estacionar em frente a um monte de tumbas e o GPS dizer que é o meu destino? Prefiro colocar alguma referência próxima. Se for um extra, tanto melhor. Todo mundo chegando pra tumba e eu levando um Extra!"
Rimos.
Mas, piadas à parte, há duas observações mais sérias a fazer sobre essa corriqueira frase dos pilotos eletrônicos.
Primeiro: é a máquina falando ao homem. É ela que o trouxe ali. E é ela que determinou que o objetivo final havia sido alcançado. O pedido inicial do endereço foi inserido por um humano. Detalhe. Logo isso mudará, aguarde.
Segundo: todos os dias, a todos os instantes, pessoas estão ouvindo essa frase ao redor do mundo. A frase "Você chegou ao seu destino" é dita ao menos 150 mil vezes a cada minuto em algum lugar da Terra por um dispositivo eletrônico se dirigindo a humanos.
Não posso deixar de pensar que eles estão certos. A todo instante, e isso vale para todo mundo, chegamos ao nosso destino. A algum destino.
Quando o GPS anuncia o fim de nossa viagem geralmente é motivo de alívio. Chegamos a algum lugar, agora vamos aproveitar esse lugar (não vale para o cemitério, ok, mas o argumento permanece). Hora de aproveitar o barzinho, resolver as coisas no Banco ou assistir um filme na casa do Thiago e pedir uma pizza.
Noutras vezes podemos simplesmente ignorar o aviso. "Você chegou ao seu destino." Aí você olha para o bar e desiste. Mereço algo melhor. E continua indo.
Vale o mesmo para a vida.
A cada instante, ainda que nem os GPS's revelem tanto, Você Chegou ao Seu Destino. E a cada instante cabe a você a decisão de aproveitar um pouco por aí ou seguir viagem.
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