domingo, 17 de maio de 2009

Widescreen

Cinema. Só eu, ela ao lado, e como se ninguém mais. Começa o filme.

Passam-se minutos. Dividimos a pipoca, mãos se tocam num pretenso acidente de acaso movido pela fome do estômago. Mentira. Com o sono acarpetando as ousadias, levanto o apoio de braço e a convido ao aconchego do meu abraço. Nos ajeitamos.

O que estou fazendo? Essa história de novo? Ela de novo? Já não bastam todos esses anos e anos de histórias? Essas idas e vindas que borraram com tantas lágrimas e soluços as madrugadas de saudades indevidas? Isso tudo não havia sido tão facilmente esquecido mais de uma vez?

Eu a conheço, penso. E nossa história... Por que deixar-me convencer pelos tristes solavancos do passado de que o percurso deve ser abandonado? E essa pele, esse cheiro. O braço dela que acaricio levemente enquanto utilizo as mais poderosas técnicas de concentração da ioga para continuar acompanhando algo do filme. Os seios dela que sinto com meu braço por baixo da blusa de frio, graças à geometria do abraço. Quero morder a orelha dela de leve.

E aquelas noites soluçando? E aquelas tardes quietas, de olhar parede?

Eu não sei mais, eu não sei mais... quem sabe?

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