quinta-feira, 22 de março de 2012

Que venha a velhice!

De que importam as datas e as idades e os tempos? Corremos atrás desse roteiro imaginário. Sofremos nessa auto-avaliação estúpida. Mas o que importa? Vinte anos, a faculdade, o namoro... Um carro? Trinta anos, o trabalho, o casamento. Quarenta anos, a casa, os filhos. Que coisa mais sem sentido. As pessoas mais felizes que conheci descobriram alguma maneira de ignorar tudo isso. Que sorte a deles, que sorte! Vivem no ritmo próprio e tem a idade certa de viver aquilo que gostam. Estudos, filhos, casa, viagens, tudo isso ditado mais pelos conflitos entre possibilidades e vontades do que por checkpoints imaginários na quarta-dimensão. Tenho essa amiga, Rê, cuja vó, digo sempre com convicção, é ao menos vinte anos mais nova que ela própria. Milagre? Maternidades duvidosas na árvore da vida? Não não, diferença de atitudes mentais, só isso. Minha amiga Rê está sempre se distanciando de suas vontades pois luta para cumprir obrigações que não escolheu, ela própria, para si. A avó, por outro lado, tem como mais alta manifestação de sua lucidez uma capacidade incrível para esquecer seus quase noventa anos quando decide se aceita ou não um convite para o cinema, para visitar pessoas queridas ou para convidá-las a sua casa. O único critério é a vontade e o ânimo que se experimenta no momento. Coisa que deveria ser o critério para tantas outras decisões na vida. Quanto a mim, não quero ser sempre jovem. Quero envelhecer logo, amanhã já, daqui a pouco. Mas quero envelhecer como a vó da Rê.

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