sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Vida conturbada

Penso seriamente em mudar de casa. De cidade. De país. De mundo.

Covardia. Impossível não sentir que é tudo uma grande covardia. Fobia que estou deixando crescer.

Medo de todas as pessoas no semáforo. Medo de todos os barulhos que o vento faz à noite no quintal, quando já estou na cama tentando sonhar com a abstração da paz.

Vou para onde? E as pessoas daqui? Essas pessoas todas que gosto de saber que estão por perto ainda que eu não consiga vê-las nunca por conta dessa rotina alucinante.

Um sequestro. A certeza de que o tiro viria.

Cinco meses.

Depois um assalto. A casa arrombada.

Duas semanas.

Outro assalto. O clarinete. A máquina fotográfica. Os computadores cheios de textos, fotos, músicas, leituras, idéias e lembranças.

Mais duas semanas.

Ameaças. Um maluco com a alma recheada de crack e um galão com cinco litros de gasolina na mão.

Penso seriamente em mudar de casa, de país e de mundo.

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