sábado, 2 de maio de 2009

Ficção

Ele era tímido, retraído, no que se referia ao trato social, à construção de seus relacionamentos com amigos, com mulheres. O primeiro beijo e a primeira foda vieram tarde. Mas o que demorou mesmo foi para que ele pensasse sobre sexo com essa naturalidade: uma foda e pronto. Criava sua bolha de romantismo e tinha certeza de que ela o recompensaria com a história perfeita. Amou. Amou de escrever cartas. De fazer surpresas no meio da noite. Amou de chorar saudades. Amou de guardar segredos. Amou de ser confidente até a última gota, até o último segundo, até a última fidelidade possível. Conversava com ela sobre tudo. Ouvia dela fatias roubadas de um amor divino.

- Gosto de você... Já tentei ter amizade com vários meninos legais, mas no final eles sempre se apaixonavam por mim e isso estragava a amizade. Você é meu único triunfo!

Ele vibrava de alegria, de ódio, de raiva, de orgulho. Era anjo. Era humano. Era idiota. Era vencedor. Queria só desejá-la e não conseguia descer a tão pouco. Continuava seu confidente.

- Caro amigo! Estou apaixonada!

- Como assim? Você não disse que o achava um impertinente por ficar se declarando pra você mesmo na época em que você namorava?

- Disse, mas ele insistiu tanto que acabou conquistando meu coração.

- Mas e você gosta mesmo dele? E se ele não tivesse se declarado, guardado segredo?

- Acho que aí eu o amaria ainda mais.

Raiva do mundo. Raiva de si. Só os anjos deveriam poder amar assim. E o segredo morreu com ele. Nunca souberam. Nunca saberão.

Um comentário:

Raphael Scire disse...

retribuindo a visita e aproveitando para agradecer. Volte sempre!