Não, não minha querida. Esse silêncio todo que mura humores entre a gente nos últimos passeios não é timidez, falta de assunto ou outras indiferenças vazias.
Na geologia das terras ficam as camadas mais antigas lá embaixo. O que o vento soprou ontem é coberto pelo que o vento trouxe ontem. Isso porque nos continentes o nascimento é de fora para dentro. De cima para baixo. Dos ventos para o chão. Da chuva das montanhas para os fundos dos vales.
Na geologia das palavras ocorre o contrário. Porque as palavras nascem lá dentro da gente e assim dá-se que as mais novas estão lá no fundo, dentro, cobertas pelas mais antigas. Daí que, logicamente, só mesmo tendo dito as palavras mais antigas é que as novas poderão encontrar um caminho à superfície do mundo. Assemelha-se mais à mecânica do vulcão que a das planícies costeiras.
Com isso se entende meus silêncios, querida amiga. São muitas palavras velhas, nunca ditas, soterrando as palavras novas.
quarta-feira, 27 de março de 2013
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Um comentário:
Dançar, ficar de ponta cabeça, pular,se chacoalhar...e outras coisas, podem tiram as palavras antigas do lugar difícil.
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