sábado, 6 de junho de 2015

Lembranças

Aquelas casas com cheiro de barro. Chão de terra batida. Os chinelos ficavam cheios de lama quando eu saía do banho, ainda molhado. Era impossível ser completamente limpo ali. Mas a vida era boa. De algum modo, as coisas eram melhores. Lembro do cheiro do fogão a lenha se espalhando pela casa. Aquele aroma denso e o barulho da lenha estalando em brasa.

Os ares se dividiam em silêncios e lamentos. Risadas e repreensões. Barulhos de botas amassando o chão. Quem deixou o trator no lugar errado? Por que a janta ainda não está pronta? Um boi escapou, vamos lá buscá-lo. Urgências. E eu, criança, achando tudo aquilo uma atração encantadora, sem fazer idéia de que era apenas uma vida sofrida, uma existência privada de outras escolhas.

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